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Gestão dos Riscos Globais


Um estudo mundial mostrou que as empresas estão mais preocupadas com as incertezas da economia globalizada. Contudo, muitas delas ainda não estão preparadas para enfrentar acidentes, e quase metade das empresas entrevistadas para o estudo identificam as ameaças meramente com base na intuição.

Muitas empresas não têm um programa estruturado para gerir as incertezas e para priorizar acções em caso de ameaças ao seu negócio. É esta a conclusão de base do estudo Global Risk Management, realizado pela empresa norte-americana Aon Risk Management junto de 320 empresas de diversos sectores económicos e de 29 países. Este estudo revelou que 42 por cento das empresas entrevistadas (quase metade) ainda identificam os riscos com base na intuição. Mesmo assim, mostraram preocupar-se com a globalização, que torna as operações mais susceptíveis a acidentes.

Uma das principais conclusões do estudo é o aumento significativo da preocupação das empresas com a perenidade e sustentabilidade dos seus negócios. Isto deve-se em muito à crescente complexidade e diversidade dos riscos existentes, principalmente os riscos mundiais ? como o aquecimento global, as pandemias e o terrorismo.

Existem exemplos constantes da complexidade dos riscos que as empresas enfrentam. Por outro lado, é cada vez maior a rapidez das mudanças num mundo globalizado. Neste contexto, há riscos que podem ser evitados, ou diminuída a probabilidade da sua ocorrência. Outros não podem ser impedidos, mas as empresas devem estar preparadas para reagir quando acontecerem.

O estudo mostrou ainda que só 58 por cento das empresas entrevistadas afirmaram medir o custo total da gestão do risco (ou total cost of insurable risk ? TCOIR). O conhecimento deste custo é fundamental para a tomada de decisão. O TCOIR engloba custos de transferência de risco (incluindo as despesas com seguros), de retenção de risco (perdas dentro das franquias), de ajustes em sinistros (corretores e consultores), e internos (com pessoal e com a administração da gestão de risco), entre outros.

O peso dos stakeholders

Um aspecto muito importante para que as empresas adoptem práticas mais estruturadas para a gestão de risco das suas operações são as pressões exercidas pelos seus stakeholders ou partes interessadas no negócio. Essas pressões podem ser directas (através de exigências) ou indirectas (através daquilo que os stakeholders pensam). Outro aspecto igualmente importante são os requisitos de conformidade, embora estes não devessem constituir a principal motivação.

Mesmo assim, a maior parte das empresas ainda não adoptam a gestão do risco empresarial. Outras têm sistemas isolados de gestão e acabam por tomar decisões que são efectivas em termos de visão sistémica e que podem implicar a duplicação de gastos. Apesar deste cenário, existe um claro aumento de consciência de que a melhor maneira de fazer frente às incertezas da globalização e da complexidade crescentes é a adopção de um programa empresarial estruturado para a gestão dos riscos.

A implementação de um programa deste tipo, incorporado no processo de gestão do negócio, ajuda a reduzir incertezas e a priorizar acções. Desta forma, diminuem as ameaças e aumentam as oportunidades, algo essencial num mundo em que a concorrência é cada vez maior e as mudanças e a instabilidade fazem parte da economia globalizada. As principais vantagens da prática da gestão dos riscos empresariais incluem:

  • O fornecimento de uma metodologia para avaliação de acções futuras de forma consistente e controlada;
  • A melhoria do processo de tomada de decisão, planeamento e priorização, graças à análise compreensiva e estruturada dos negócios, das incertezas, da volatilidade, das oportunidades e das ameaças;
  • A contribuição para uma melhor utilização e alocação interna de capitais e recursos;
  • A protecção de activos e da imagem da organização.

Os dez maiores riscos

De acordo com o estudo Global Risk Management, os dez maiores riscos são os que se seguem:

  1. Danos relacionados com a reputação ou degradação da imagem.
  2. Interrupção do negócio.
  3. Responsabilidade civil.
  4. Falhas na cadeia de valor, tanto do lado dos fornecedores como dos distribuidores, que causam interrupções das operações.
  5. Ambiente de mercado. Ameaças que fogem ao controlo directo das empresas, cabendo a estas protegerem-se e reduzirem a exposição ao risco.
  6. Mudanças de legislação e de regulamentações, exigindo uma avaliação contínua da conformidade.
  7. Falta de mão-de-obra especializada. Em muitos países, o crescimento económico é limitado pela falta de profissionais experientes. As empresas precisam frequentemente de capacitar talentos através do recurso a escolas técnicas e universidades.
  8. Riscos de mercado.
  9. Danos físicos.
  10. Fusões, aquisições e reestruturações, bem como falha dos planos de recuperação de desastres.

Como se pode ver pela ordem, o risco que gera maior intranquilidade junto das empresas tem a ver com os danos à reputação. Isto mostra uma crescente preocupação com a imagem institucional perante as partes interessadas no seu negócio. Na realidade, este aspecto não deve ser avaliado apenas pela publicidade negativa, mas também pelos custos associados à sua mitigação (multas, penalizações de outras espécies, etc.), pela perda de crédito, pela queda do valor das acções, ou pela redução da atractividade para o capital humano.

Uma boa reputação é essencial para qualquer empresa se diferenciar num mercado competitivo. É algo que está relacionado intimamente com o risco de interrupção do negócio e de responsabilidade civil, considerados os mais importantes no estudo.

Baseado num artigo de Edileuza Soares, intitulado ?Riscos Golobais? e publicado na Risk Management Review n.º 16.
 

Produzidos em 2008

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