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Governação em Rede: Vantagens e Desafios


Independentemente de se colocar o desafio de responder a desastres naturais (como o furacão Katrina, ou o tsunami do Sudoeste Asiático), ou de proteger os cidadãos e infra-estruturas críticas contra o terrorismo, existe o reconhecimento crescente de que o modelo de governo tradicional e hierárquico não consegue responder condignamente às exigências desta era complexa e em mudança acelerada. Como resposta, está a emergir um novo modelo de governação, de forma a permitir a resolução de problemas cada vez mais complexos e a utilização de novas ferramentas que permitam respostas criativas aos problemas.

Neste novo modelo de governação, designado por "governação em rede", as principais responsabilidades dos executivos deixam de estar centradas na gestão das pessoas e nos programas, para passarem a centrar-se na organização dos recursos (frequentemente pertencentes a outros), de forma a gerarem valor público. O grande problema que muitos executivos enfrentam actualmente é a forma como conceptualizar, configurar e gerir uma rede de fornecedores públicos, privados, e sem fins lucrativos, de forma a gerarem mais valor para os cidadãos.

A tendência global para a passagem de uma governação vertical para uma governação em rede está a ser determinada por vários vectores de carácter empresarial e social, nomeadamente a exigência crescente do público por serviços personalizados e integrados, a redução dos custos de colaboração (graças à Internet e a outras novas tecnologias), a melhoria do nível de outsourcing, e o número crescente de problemas complexos que exigem respostas intersectoriais ou mesmo intergovernamentais.

O grande crescimento das parcerias entre o sector público e o sector privado para responder a necessidades de infra-estruturas, constitui outro exemplo proeminente da tendência para a governação em rede. Por exemplo, desde 1997 que o Reino Unido tem utilizado a Private Finance Initiative (uma forma inovadora de parceria entre o sector público e o sector privado) para construir centenas de escolas, hospitais, estradas e instalações na área da defesa. Do outro lado do Atlântico, na British Columbia, 20 por cento de toda a nova infra-estrutura está a ser desenhada, construída e gerida pelo sector privado.

Nas democracias emergentes da Europa Central, as parcerias entre o sector público e o sector privado também estão a tornar-se o modelo escolhido para as novas infra-estruturas, com os governos a olharem para estas parcerias como uma forma de concluíres projectos dentro dos prazos e do orçamento, e como uma forma de atraírem investimento estrangeiro. O primeiro ministro da República Checa afirmou recentemente o seguinte: "Tal como qualquer outra economia de mercado, estamos a tentar multiplicar o potencial económico da República Checa e a implementar projectos para os quais o sector público, por si só, não tem capacidade nem recursos. Estamos a tentar disponibilizar serviços aos contribuintes que, de outra forma, não conseguiríamos oferecer".

Os desafios

Apesar da governação em rede fornecer várias vantagens - incluindo um maior alcance e especialização - também coloca alguns desafios sérios. Actualmente, a maior parte das estruturas, das práticas de gestão, e dos sistemas de pessoal das organizações governamentais estão concebidos para um estilo hierárquico de governo. A mudança para um modelo em rede requer a remodelação de sistemas, de práticas, de estruturas, e de capacidades que reflictam o novo papel do governo como agregador, gestor, e comprador de serviços - em vez do papel tradicional do governo, como detentor dos serviços e como fornecedor directo de serviços.

Baseado numa publicação da Deloitte com o título "Governing forward - New directions for public leadership".
 

Produzido em 2008

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