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Relações de compromisso

Os Desafios da Globalização Crescente Também Afectam o Sector Público


Cristóvão Colombo estava errado. Apesar do mundo poder parecer mesmo redondo, a verdade é que está a ficar cada vez mais plano. Thomas Friedman, no seu livro "The World is Flat", afirma que foram três os acontecimentos que mudaram o mundo em que vivemos de forma fundamental - a queda do muro de Berlim, a oferta pública inicial da Netscape, e o advento do software interoperável. Em conjunto, estes três acontecimentos deram origem a um nivelamento tecnológico que está a tornar o planeta praticamente plano, permitindo assim formas de colaboração e de concorrência global.

Num mundo em que a tecnologia nivelou o campo de actuação, aquilo que acontece na Mongólia, no Japão, no México ou noutra qualquer parte do mundo, afecta-nos em Portugal. Existe uma rede de ligações que abarca praticamente todo o mundo, pelo que ficamos sujeitos a uma concorrência sem precedentes.

A globalização, como tudo o resto, tem evidentemente aspectos positivos e negativos. Do lado positivo destacam-se os preços mais baixos, uma maior variedade de bens e serviços, maior concorrência, e políticas governamentais que ficam sujeitas à disciplina do mercado. Do lano negativo, assiste-se à perda de postos de trabalho industriais nas economias avançadas, o que constitui um aspecto difícil de digerir para a maior parte das sociedades. Mas esta tendência também se está a repetir no sector dos serviços, através do recurso crescente à externalização (ou offshoring).

Como seria de esperar, muitos responsáveis políticos também estão preocupados com os efeitos da globalização. As suas preocupações têm a ver essencialmente com o impacto da concorrência global nos mercados domésticos, com o reforço das suas agendas políticas, e com a eficácia das barreiras tradicionais para protegerem o mercado de trabalho, o comércio, os mercados financeiros, ou a segurança. Portugal, com a adesão à União Europeia, tem passado por uma primeira etapa nesta tendência cada vez mais global.

Na realidade, a globalização não é uma escolha. É antes um facto. Os países têm assim uma escolha muito simples: ou se preparam para concorrer com os melhores e mais eficientes do mundo, ou resignam-se ao fracasso inevitável. Uma economia aberta e liberal tem que se preparar constantemente para a mudança se quiser manter-se competitiva. Neste novo mundo, a concorrência não pode ser excluída. Apenas pode ser superada.

Desengane-se quem está a pensar que este cenário só se aplica ao sector privado e não ao sector público. Dificilmente conseguirá sobreviver durante muito tempo um sector público ineficiente com cidadãos cada vez mais exigentes e que procuram ter no sector público o mesmo nível de serviço que obtêm no sector privado. Um sector público que não consiga tornar-se eficiente e ao nível do sector privado, dará origem a governos eleitos que favorecem a privatização de grande parte das funções tradicionalmente estatizadas.

Baseado numa publicação da Deloitte com o título "Governing forward - New directions for public leadership".
 

Produzido em 2008

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