Nos últimos anos, muitas organizações têm adoptado novos sistemas de gestão do risco. Isto resultou da pressão das realidades e regulamentações económicas, nomeadamente Basel II, Sarbanes-Oxley, governação empresarial e standards de contabilidade, ou requisitos internos. O sector bancário foi dos primeiros a estabelecer posições empresariais de topo devotadas à gestão do risco. Seguiram-se outros sectores. No recente estudo mundial Economist Intelligence Unit, quase 70 por cento das empresas inquiridas tinham um CRO (responsável pelo risco empresarial) ou planos para nomear um nos dois anos seguintes.
Inicialmente, muitos CROs acreditavam que tinham os dados necessários e que existia uma solução de software para cada tipo de risco. No entanto, chegaram depois à conclusão de que é um grande desafio aceder aos dados necessários - partindo do princípio de que existem - e obter uma visão real da posição global da empresa em termos de disco.
Situação actual
Algumas empresas dificultaram a sua própria vida ao responderem de forma táctica às exigências mais recentes, independentemente destas estarem relacionadas com Basel II, SOX, risco operacional, segurança de TI (tecnologias de informação), ALM, Patriot Act, MiFID, Reg NMS, ou crime financeiro. Como resultado, é frequente vermos numa mesma organização muitas pequenas implementações de sistemas e projectos de "integração" a correrem em paralelo, talvez mesmo sob a alçada de um programa de risco e conformidade supostamente abrangente a toda a empresa.
Mais recentemente, muitas empresas, especialmente na área dos serviços financeiros, tiveram que repensar a sua arquitectura tecnológica global para a gestão do risco. Existe a consciência de que a tradicional abordagem baseada em silos para a implementação de sistemas de gestão do risco não é sustentável.
Muitos decisores e arquitectos já compreenderam que a implementação de sistemas de gestão de risco empresariais requerem vários componentes tecnológicos chave. Tipicamente, estão aqui incluídos um repositórios central de dados ou warehouse, ferramentas de integração de dados, motores de cálculo/análise, e capacidades de relatórios/painel de controlo.
É possível chegar à solução final a partir de muitos pontos de partida diferentes, utilizando uma combinação de soluções internas e de terceiros. As decisões relacionadas com a tecnologia precisam de ter em conta as arquitecturas de TI existentes, a complexidade do projecto, a disponibilidade de especialistas na área em questão, e a estratégia a longo prazo. A figura que se segue representa um ambiente tecnológico de ERM (enterprise risk management) integrado para um banco.
Ambiente tecnológico de ERM integrado.
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Muitos dos fornecedores de tecnologia orientada para a área do risco estão a desenvolver capacidades de ERM integrado. Uma vez atingida esta posição, estes fornecedores esperam ser capazes de evoluir para a situação de fornecedores de soluções de ERM completas, disponibilizando uma integração linear entre gestão robusta de dados, governação e sistemas de formação, integrando todas as classes de risco (crédito, mercado, operacional, negócio) num único ponto de conhecimento para a gestão do desempenho.
No entanto, apesar das várias afirmações de marketing de alguns fornecedores, nenhum deles conseguiu ainda chegar ao ponto de disponibilizar um sistema de ERM completamente "integrado". O desafio tecnológico é significativo e é frequente exigir a total rescrita ou reengenharia dos produtos existentes. O tempo e o custo inerentes a estas iniciativas são um obstáculo considerável.
Situação futura
A tecnologia para a gestão do risco empresarial só agora está a começar a sua generalização. Algumas empresas líderes do mundo financeiro e da energia estão a avaliar o "custo total de posse" dos seus sistemas de risco em toda a empresa. Isto resultará em processos e arquitecturas integrados de tecnologia do risco. O caso de negócio para esta mudança será determinado pelas seguintes necessidades:
Os fornecedores de tecnologia de risco com capacidades robustas de base terão vantagem face aos fornecedores de soluções baseadas em componentes. A chave para o sucesso será a gestão dos dados e a criação de uma plataforma integrada de tecnologia do risco. A convergência entre os sistemas financeiros o os sistemas relacionados com o risco irão acelerar a procura por soluções de gestão dos dados de risco.
Os modelos de dados empresariais, a gestão de dados de referência, e a tecnologia de integração de dados serão necessários para muitas instituições financeiras. Por sua vez, a utilização das SOA (service oriented architectures), da computação em rede, e do ASP (application service provision) irão aumentar. A governação de dados irá tornar-se um factor de sucesso crítico.
Quanto à utilização de níveis de meta-dados (dados sobre dados) para acompanhar o movimento dos dados, irá tornar-se uma prática comum. Isto assegurará a existência de auditorias completas, segurança e controlo para o risco e conformidade dos dados. Os componentes e aplicações de terceiras partes poderão então ser ligadas à plataforma como parte de uma arquitectura tecnológica de ERM ou GRC (governance, risk and compliance). Esta tendência poderá conduzir a uma maior consolidação deste mercado, com os grandes fornecedores de plataformas tecnológicas a adquirirem fornecedores de tecnologia relacionada com a gestão do risco e que actuem em nichos de mercado.
Estratégias de implementação
As empresas precisam de tomar decisões práticas sobre a forma como incluem os sistemas de gestão do risco nos seus processos de negócio. Em certas situações, precisam de responder a pedidos urgentes de curto prazo. No entanto, é importante assegurar que estas escolhas não resultam em custos e repetição de trabalho desnecessários. Devem antes abrir caminho para uma solução estratégica, adequada para responder a requisitos de conformidade e de risco mais abrangentes e extensíveis a toda a empresa. A experiência na implementação de sistemas de gestão de risco por todo o globo tem ensinado algumas lições importantes:
Baseado num texto com o título "Erm Technology - Breaking Down the Silos", da autoria de Peyman Mestchian, CEO, Risk Technology International (RiskTech), publicado no documento da Chartis Research com o título "RiskTech100", de Outubro de 2007.
Produzido em 2008