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Segurança em Redes Wi-Fi: Ouvir para Decidir


Uma empresa adquiriu um router sem fios para ser utilizado em teste na rede da organização. Depois de algumas tentativas de instalação, os técnicos não conseguiram instalar o módulo de segurança sugerido pelo fabricante. No entanto ao reportarem o problema à pessoa responsável pela empresa e solicitarem mais tempo de análise e estudo, pois esse é um item importante na instalação, a pessoa foi incisiva e solicitou a instalação imediata, sem o módulo de segurança. Segundo o responsável pela organização, "a empresa não tem informações importantes que possam comprometê-la, por isso podem instalar o router sem nenhum problema".

 
Para direccionar a importância da situação apresentada e enfatizar a ideia do problema apresentado, são necessárias algumas considerações técnicas sobre Wi-Fi. Estas considerações foram retiradas do site www.teleco.com.br/wifi.asp.

Uma WLAN (Wireless LAN) é uma rede local sem fios standardizada pelo IEEE 802.11. É conhecida também pelo nome Wi-Fi, abreviatura de "wireless fidelity" (fidelidade sem fios) e marca registrada pertencente à Wireless Ethernet Compatibility Alliance (WECA).

Trata-se de acesso público à Internet em banda larga, através de redes sem fios de alta velocidade, em locais como aeroportos, cafés, restaurantes e hotéis. Estes locais são denominados hot spots. Um hot spot é um local onde está instalada uma rede local sem fios utilizando a tecnologia IEEE 802.11b, também conhecida como Wi-Fi, que possibilita a conexão de computadores portáteis a distâncias de até 100 metros da estação de base.

A velocidade de acesso à Internet dependerá em grande parte do acesso, através do qual a estação de base está conectada à Internet, uma vez que a taxa de transmissão na rede sem fios é de 11 Mbit/s.

Apenas no intuito de análise do problema, convém referir que um router sem fios é utilizado em redes sem fios, ou simplesmente Wi-Fi, que começam a destacar-se. Se já nos custa tomar uma decisão na hora de escolher algo que nos parece familiar, como por exemplo, uma câmara fotográfica, o facto de ter de enfrentar a compra do nosso primeiro componente sem fios pode ser um pesadelo. Esta é pelo menos a opinião do autor do artigo intitulado "o que levar em conta ao montar uma rede Wi-Fi", publicado em http://informatica.terra.com.br/wifi/interna.

No que se refere à segurança, o artigo referido diz o seguinte: "quando montamos uma rede sem fios, estamos a abrir uma porta do nosso computador ao mundo, já que a cobertura da nossa rede não se esgota nas paredes da nossa casa, mas chega a vizinhos e transeuntes. Por isso, é lógico que se queira proteger a rede, de uma ou de outra maneira. Assim, tanto o nosso ponto de acesso/router, como o nosso cartão de rede sem fios deve poder suportar um ou mais protocolos de segurança".

Ao utilizarem esta solução em organizações ou em residência, os utilizadores podem ter uma rede com alta velocidade e baixo custo, comparativamente a alternativas existentes, como montagem da rede, os fios direccionados e conectados em cada equipamento, controlo dos mesmos e outras actividades inerentes a redes tradicionais. No entanto, a informação estará mais exposta, caso não se utilize o módulo de segurança da tecnologia. É exactamente este o ponto principal que vemos na situação apresentada.

Com o intuito de aprofundar a investigação sobre a atitude do administrador, perguntei qual é o ramo de actividade da empresa, e fui informado de que é uma empresa de marketing. Ao considerar as informações descritas, analiso o seguinte:

  • Tal decisão foi precipitada e pode causar alguns problemas à empresa, pois a informação é um activo que, como qualquer outro activo importante, essencial para os negócios de uma organização, precisa de ser protegido de forma adequada. Segundo a norma ISO/IEC/17799, a segurança da informação é a protecção da informação contra vários tipos de ameaças, para garantir a continuidade do negócio, minimizar o risco, maximizar o retorno sobre os investimentos e as oportunidades de negócio.
  • Caso a informação não seja protegida, a empresa pode ser invadida e os dados serem corrompidos, tornando-os indisponíveis, ou até serem alterados ficando não íntegros. Além disso, a imagem da empresa também pode ser comprometida, algo que actualmente é um problema sério nas organizações.
  • Actualmente, os administradores devem ter uma administração participativa e ouvir os seus colaboradores, pois eles fornecem contributos relevantes para a tomada de decisões. São eles que estão à frente das actividades operacionais, pelo que precisam e devem ser ouvidos. Inclusivamente, eles devem saber que foram colaborativos nas prestações das suas informações, e que as mesmas conduziram a uma decisão importante para a melhoria dos processos da empresa. Isto faz com que os mesmos se sintam parte integrante e não mais um colaborador.
  • A importância de Frederick Taylor na administração é indiscutível. No entanto, discordo do seu posicionamento em relação aos colaboradores, uma vez que ele dizia o seguinte: "o importante é o sistema, não o homem", segundo Clayton Netz. Este mesmo autor disse ainda que "os gestores se limitavam a estabelecer cotas de produção, e não se preocupavam com processos. Era só "o quê", e não "o como". O taylorismo é o germe de todas as propostas que vieram depois para formatar racionalmente o acto de se produzir qualquer coisa. Gerar resultados por intermédio de pessoas. Administrar. Pessoas? Taylor era ambivalente com relação ao papel das pessoas, e parte do fascínio e da natureza polémica das suas ideias vem daí. Ele via a função do gestor como claramente separada da função do trabalhador. O trabalhador faz, enquanto que o gestor pensa e planeia. O gestor descobre e especifica a melhor forma de fazer. O trabalhador executa, e só. O executor do trabalho, sendo totalmente passivo no processo, tinha de se submeter ao sistema.
  • Isto comprova que a atitude utilizada pelo responsável da empresa foi puramente taylorista, ou seja, não ouviu o seu colaborador sobre os possíveis problemas que sua atitude pode causar.

Gostaria de expor que, se alguma empresa comercializa acções na bolsa dos EUA e porventura ocorre um prejuízo de investidor devido à falta de processos e de controlos internos, o responsável pela empresa é accionado judicialmente, segundo a lei Sarbaney Oxley (SOX). O objetivo desta lei é a protecção dos investidores. Deve-se elevar o nível de comprometimento e responsabilidades da direção da companhia no que se refere aos processos e controlos internos, aumentar a supervisão sobre as demonstrações financeiras apresentadas pelas companhias, consequentemente restitui a confiança do investidor no mercado de capital e nos auditores independentes. Uma das penalidades possível pela lei afecta o responsável pela empresa, uma vez que pode pagar uma multa de até cinco milhões de dólares, devido ao prejuízo causado ao investidor. Desta forma, só terá validade, caso a empresa tenha as suas acções comercializadas na bolsa de valores daquele país.

No entanto, se todas as empresas começassem a praticar e a estar comprometida com as práticas de governação corporativa citada pela SOX, deveriam relatar, cuidar mais dos seus processos e dos seus activos, . Se isso acontecesse, situação como a descrita, com toda a certeza não ocorreriam. Presumo que se informasse claramente ao colaborador a sua importância e o seu papel na organização, este vestirá cada vez mais a camisola da organização, comprometendo-se com os objectivos da mesma, pois o seu crescimento será o crescimento da organização.

A situação apresentada mostra-nos que uma decisão a ser tomada deve ser analisada, e deve-se ter em consideração a palavra dos colaboradores, pois os riscos emergentes podem comprometer a organização, tanto em termos financeiros, como a sua imagem perante a opinião pública.

Baseado num artigo de Waldir António da Silva publicado no site da Módulo (www.modulo.com).
 


Produzido em 2007

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