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Relações de compromisso

Urbanismo Organizacional


Urbanismo Organizacional

Tal como acontece na área civil, a abordagem urbanística ao nível organizacional e dos sistemas de informação não pretende apresentar, no modelo e referenciais considerados, uma solução universal, única ou imutável, capaz de se enquadrar como solução para todos os problemas de qualquer organização. A essência do urbanismo organizacional reside na importância do contexto da organização, articulação e actuação dos diversos bullet points.

Dado o seu carácter contingencial, através do conceito e abordagem urbanística procura-se apresentar e realçar uma proposta de modelo capaz de auxiliar a gestão organizacional num contexto relacional, através de um alinhamento entre as vertentes funcional, informacional e tecnológica. Construir uma teoria urbanística organizacional completa no actual contexto económico, é por certo um esforço de longo alcance, caso se pretenda uma teoria que trate da forma e do processo, que permita a compreensão e a avaliação, que englobe o diagnóstico e a receita numa só premissa. Sabemos que deverá assentar sobre o comportamento organizacional intencional, assim como nas necessidades e nos sentimentos que o acompanham.

A abordagem urbanística aqui apresentada procura responder à preocupação de aproximação e equilíbrio entre a vertente conceptual ou científica, inerente ao desenvolvimento de novos instrumentos no âmbito das ciências de gestão, e a vertente pragmática relativa à resolução dos problemas organizacionais reais, através da aplicação desses novos instrumentos à gestão corrente das organizações. É que nem sempre as actividades e processos são desenvolvidos da forma como são efectivamente planeados a formalmente organizados. Pragmatismo a conceptualização devem ser compatíveis em organização. Alguns dos referenciais considerados úteis ao desenvolvimento de abordagens urbanísticas são os seguintes:

  • Partir de um comportamento organizacional intencional, com objectivos definidos, e não de uma opção;
  • Ligar valores de importância generalizada e de longo alcance relativamente à forma pretendida, às acções imediatas e práticas acerca deles;
  • Lidar directamente com a forma e com as qualidades das realidades existentes e não ser uma aplicação ecléctica de conceitos de outras áreas;
  • Integrar interesses plurais e concorrenciais e considerar clientes/intervenientes ausentes e futuros;
  • Adoptar uma postura simples e flexível e uma 1ógica divisível;
  • Avaliar a qualidade conjunta do estado e do progresso e permitir uma aprendizagem.

O urbanismo organizacional e dos sistemas de informação procura a definição de um quadro conceptual, coerente, integrado e modular para a pilotagem da mudança organizacional, através da identificação e enquadramento dos diversos sistemas ou subsistemas organizacionais (funcionais, informacionais e tecnológicos), num contexto relacional. Urbanizar é com efeito desenhar, organizar, dispor, ordenar, ou seja, procurar soluções organizativas para o conjunto de necessidades sentidas nos diversos domínios.

Não é objectivo do urbanismo a apresentação de uma solução única ou universal. Urbanizar é simplificar. Pressupõe a identificação de princípios gerais de edificação ou construção que, em coerência, permitirão a evolução do(s) sistema(s) e seus constituintes.

Tal como numa cidade se alteram os sucessivos equilíbrios resultantes da sua evolução no tempo, havendo necessidade de encontrar novas referências, por forma a compreender a complexidade da interacção entre os diversos elementos e solucionar os respectivos problemas, também ao sistema organizacional se deve dedicar a mesma atenção. O aumento da complexidade dos problemas surgidos com o respectivo crescimento é análogo. Significa que a organização, em geral, e os sistemas de informação, em particular, devem ser escaláveis e devem ser desenhados de forma ordenada e harmoniosa, no sentido de facilitar o respectivo crescimento e desenvolvimento, garantindo ou procurando assegurar o domínio da gestão, com um mínimo de tempo, esforço e custos envolvidos.

A gestão de uma ordem (sempre parcial) é sempre incompleta, menos que perfeita e inconstantemente insuficiente para assim permanecer. Qualquer sentido de ordem, económica ou organizacional, é sempre temporário e parcial. Quando muito, podemos falar de ilhas (temporárias e frágeis) de ordem, dispersas num longo "mar de caos" (que não é o planeado nem o desenhado por fluxos de eventos). Esta inconstância evidencia a importância de instrumentos que auxiliem a gestão de uma ordem organizacional que se afigura cada vez mais como temporária, frágil ou parcial. É aqui que reside a grande vantagem do urbanismo.

Muitos podem ser os factores, interesses, prioridades que interferem com o design, a gestão e a ordem organizacional. No entanto, importa que a gestão procure minimizar os efeitos a os impactos inerentes às diversas mudanças, utilizando a visão como um elemento central do rumo a traçar, para o qual se torna necessário preparar a organização. Qualquer solução devidamente enquadrada para a organização, SI (sistemas de informação) e TIC (tecnologias da informação e comunicação), deverá ter sempre por base a maximização das vantagens inerentes à visão do negócio e a minimização das alterações evolutivas que a mesma impõe. Da mesma forma, qualquer quadro de mudança definido a partir da visão deve assentar numa estrutura base coerente de componentes organizacionais suficientemente constantes, fundamentais ou basilares no alicerce da respectiva actividade.

A visão permite pensar os negócios, antever os processos de mudança necessários e identificar os impactos organizacionais. O urbanismo deve permitir enquadrar e analisar a viabilidade da visão. Saber se existe exequibilidade prática para o desenvolvimento de novos processos, actividades, produtos ou serviços no contexto organizacional pressupõe saber adequar esse mesmo contexto para a recepção desses novos elementos e beneficiar das novas capacidades organizacionais. Esta postura, ao pressupor uma focalização na articulação entre a visão e a organização, permite o desenvolvimento de uma actividade coerente, sólida, bem informada e flexível.

O urbanismo pressupõe assim uma actividade de (re)concepção integrada e harmoniosa, aprioristicamente desenvolvida que, previamente à sua construção a disponibilização, contemple a morfologia e a fenomenologia gestiva e organizacional, numa perspectiva sistémica, dinâmica e que integre os sistemas de informação no ambiente endógeno e exógeno da unidade económica, solução que há-de responder às exigências da operacionalidade a da viabilidade técnica e económica.

Texto publicado no livro "Urbanismo organizacional, como gerir o choque tecnológico nas empresas".

Produzido em 2007

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