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Relações de compromisso

Qual a Diferença entre LMS e LCMS?


Tem dificuldade em distinguir um sistema de gestão de aprendizagem (ou LMS - Learning Management System) de um sistema de gestão de conteúdos de aprendizagem (ou LCMS - Learning Content Management System)? De facto, além dos nomes serem similares, alguns fornecedores estão a posicionar os LCMS como sendo a nova vaga dos LMS. Na prática, um LMS e um LCMS são sistemas complementares, mas muito diferentes, servindo diferentes realidades e respondendo a desafios de negócio únicos.

Na essência, um LMS é uma solução de alto nível e estratégica para o planeamento, disponibilização e gestão de qualquer evento de aprendizagem dentro de uma organização, incluindo cursos online e salas de aula virtuais. A sua função principal é substituir programas de aprendizagem isolados e fragmentados por um meio sistemático de avaliar e melhorar as competências e os níveis de desempenho nas organizações. 

Por exemplo, um LMS simplifica os esforços globais de certificação, permite que as empresas alinhem as iniciativas de e-learning com os objectivos estratégicos e fornece um meio viável para a gestão das competências a nível empresarial. O enfoque de um LMS reside na gestão dos alunos, acompanhando o seu progresso e desempenho ao longo de todas as actividades de formação. Os LMS realizam tarefas administrativas, nomeadamente relatórios para os recursos humanos e para outros sistemas de ERP, mas são utilizados geralmente para criar conteúdos para cursos.

Pelo contrário, o enfoque de um LCMS reside nos conteúdos de aprendizagem. Fornece aos autores, aos instructional designers e a outros especialistas os meios para a criação de conteúdos de e-learning. O principal problema de negócio que um LCMS resolve é a criação de conteúdos suficientes e a tempo de responder às necessidades dos formandos individuais ou de grupos de formandos.

Em vez de desenvolverem cursos inteiros e do os adaptarem a múltiplas audiências, os instructional designers criam pedaços de conteúdos reutilizáveis e disponibilizam-nos a quem desenvolve cursos. Este processo elimina a duplicação de esforços de desenvolvimento e permite a assemblagem rápida de conteúdos costumizados.

Como é que um LCMS se encaixa numa infra-estrutura de LMS?

Uma vez que um LMS pode ter impacto directo no trabalho de milhares de formandos/alunos e gere todos os aspectos da aprendizagem organizacional, os especialistas recomendam que se comece com um LMS, o qual poderá depois ser facilmente integrado com um LCMS.

O relatório da IDC intitulado "The Learning Content Management System: A New E-Learning Market Segment Emerges" refere o seguinte: "os LCMSs e os LMSs, não só são distintos, como também se complementam. Quando estreitamente integrada, a informação destes dois sistemas pode ser partilhada, resultando numa experiência de aprendizagem mais rica para os utilizadores e numa ferramenta mais completa para os administradores da aprendizagem. Um LMS pode gerir comunidades de utilizadores, permitindo que cada um deles lance os objectos apropriados armazenados e geridos pelo LCMS. Na disponibilização dos conteúdos, o LCMS também regista o progresso individual dos alunos e os resultados dos testes, fornecendo essa informação ao LMS para a elaboração de relatórios".

Diferenças e sobreposições

Tanto os LMS, como os LCMS gerem conteúdos de cursos e acompanham o desempenho dos formandos. De igual modo, ambas as ferramentas são capazes de gerir e de acompanhar os conteúdos ao nível dos objectos de aprendizagem. No entanto, um LMS é capaz de gerir e de acompanhar cursos combinados e currículos assemblados de conteúdos online, eventos de sala de aula, salas de aula virtuais e várias outras fontes.

Apesar de um LCMS não gerir aprendizagem combinada, é capaz de gerir os conteúdos a um nível mais baixo de granularidade do que os objectos de aprendizagem. Isto permite que as organizações restruturem e reorientem mais facilmente os conteúdos online. Além disso, os LCMS avançados são capazes de construir objectos de aprendizagem de forma dinâmica com base em perfis de utilizador e em estilos de aprendizagem. Quando ambos os sistemas suportem os standards XML, a informação é transferida facilmente do nível do objecto para o nível LMS.

Caracterização dos LCMS

Um objecto de aprendizagem é um pedaço auto-contido de material instrutivo. Tipicamente, inclui três componentes: um objectivo de desempenho (aquilo que o formando irá compreender ou será capaz de conseguir após a conclusão da aprendizagem), o conteúdo de aprendizagem necessário para alcançar o objectivo (por exemplo, texto, vídeo, ilustrações, slides, demos, simulação de tarefas), e alguma forma de avaliação para medir se o objectivo foi alcançado ou não.

Um objecto de aprendizagem também inclui metadados, ou tags que descrevem o seu conteúdo e propósito para o LCMS. Os metadados poderão incluir informação como o autor, o idioma, versão, etc. Mas como é que um objecto de aprendizagem é utilizado para criar conteúdos?

Um LCMS guarda objectos de aprendizagem num repositório central para que os instructional designers os possam ir buscar e assemblar em cursos personalizados. Este processo beneficia quem desenvolve e quem aprende, uma vez que os cursos tradicionais tendem a ter mais conteúdos do que aqueles que cada aluno individual consegue absorver ou precisa absorver sobre um determinado tópico. Ao partirem os conteúdos dos cursos em objectos de aprendizagem, disponibilizando-os de acordo com as necessidades, os especialistas que desenvolvem conteúdos podem disponibilizar aprendizagem na hora e na dose certa (just-in-time e just-enough). O resultado traduz-se em maior produtividade, dado que os empregados não desperdiçam tempo com materiais irrelevantes.

Apesar das capacidades dos LCMS variarem de caso para caso, existem alguns componentes chave que são comuns a praticamente todos:

  • Repositório de objectos de aprendizagem. Este repositório é uma base de dados central onde é gerido e armazenado conteúdo de aprendizagem. É a partir deste ponto que os objectos de aprendizagem individuais são dispensados aos utilizadores de forma isolada, ou utilizados como componentes para assemblar módulos de aprendizagem maiores ou cursos completos, dependendo das necessidades. O resultado instrutivo pode ser disponibilizado via Web, CD-ROM, ou materiais impressos. O mesmo objecto poderá ser utilizado várias vezes e para múltiplos propósitos. Quanto à integridade dos conteúdos, é preservada independentemente da plataforma de disponibilização. O XML desempenha esta função ao separar o conteúdo da lógica de programação e do código.
  • Aplicação de authoring automatizada. Esta aplicação é utilizada para criar os objectos de aprendizagem reutilizáveis que estão acessíveis no repositório.
  • Automatiza o desenvolvimento fornecendo aos autores templates e capacidades de storyboarding que incorporam princípios de instructional design. Com base na utilização dessas templates, os autores podem desenvolver cursos inteiros utilizando objectos de aprendizagem já existentes no repositório, criando novos objectos de aprendizagem, ou utilizando uma combinação de objectos existentes e novos. Os autores podem ser especialistas na matéria, instructional designers, artistas de produção media, uma comunidades de pioneiros práticos, etc. A ferramenta também pode ser utilizada para converter rapidamente bibliotecas de conteúdos existentes nas organizações. Isto é feito tipicamente através da adição de media, interfaces costumizadas, e metodologias instrutivas. Evidentemente, os autores podem ser da própria organização ou fornecedores externos.
  • Interface de disponibilização dinâmica. Para disponibilizar um objecto de aprendizagem com base nos perfis dos alunos/formandos, em pré-testes e/ou em questionários, é necessária uma interface de disponibilização dinâmica. Este componente também fornece o acompanhamento dos utilizadores, ligações para fontes de informação relacionadas, e múltiplos tipos de avaliações com feedback dos utilizadores. Esta interface pode ser costumizada para cada organização utilizando o LCMS. Por exemplo, os conteúdos podem ser apresentados em páginas Web adornadas com o logotipo da empresa e/ou com um aspecto que reflicta a imagem desejada da empresa. Este aspecto também pode ser localizado de acordo com a região do utilizador.

O ponto fraco das propostas de LCMS tem a ver com o facto de exigir um grande esforço de antevisão, planeamento e capacidade de desenho de objectos de aprendizagem eficazes, mesmo quando são disponibilizadas templates e exemplos. Os designers têm que pensar de uma forma não linear e disporem de uma boa compreensão de todos os contextos em que os objectos poderão ser necessários ou utilizados. Por exemplo, se um objecto de aprendizagem for tirado do contexto, ou apresentado com insuficiente informação de suporte, poderá ter resultados nefastos. Alguns cursos, como os que são necessários para programas de certificação ou de segurança, têm que abarcar um conjunto específico de tópicos com uma determinada ordem e que não podem ser separados.

Caracterização dos LMS

Um LMS fornece um único ponto de acesso para diferentes fontes de aprendizagem. Automatiza a administração do programa de aprendizagem e fornece boas oportunidades para o desenvolvimento dos recursos humanos. Identifica as pessoas que precisam de um curso particular e indica-lhes como esse curso se encaixa na evolução da sua carreira, quando está disponível, como está disponível (sala de aula, online, CD-ROM), se existem pré-requisitos, e quando e como podem preencher esses pré-requisitos.

Depois dos recursos humanos concluírem um curso, o LMS pode administrar testes com base em requisitos de proficiência, resultados de testes, e recomendações para os próximos passos. Com estas capacidades, os LMS são instrumentais, assegurando que as organizações cumprem requisitos de certificação rígidos em mercados verticais como os cuidados de saúde, sector financeiro e governo.

Na escolha de um LMS haverá que ter em conta características como as que se seguem:

  • Suporte para aprendizagem combinada. As pessoas aprendem de diferentes formas. Um LMS disponibiliza currículos que misturam facilmente salas de aula e cursos virtuais. Estas funcionalidades combinadas permitem formação prescritiva e personalizada.
  • Integração com os recursos humanos. Os LMS que não estão sincronizados com os recursos humanos perdem o combóio. Quando os sistemas estão integrados, um especialista dos recursos humanos pode inserir nova informação de competências no sistema de recursos humanos. O empregado visado é então assinalado automaticamente para formação adequada às suas funções na empresa.
  • Ferramentas de administração. Os LMS permitem que os administradores efectuem a gestão dos registos e dos perfis dos utilizadores, definam funções, especifiquem currículos, definam estratégias de certificação, atribuam tutores, criem cursos, efectuem a gestão de conteúdos, e administrem os orçamentos internos, os pagamentos dos utilizadores, e as imputações de reembolsos. Os administradores precisam de acesso completo às bases de dados de formação, permitindo-lhes que criem relatórios standard e costumizados sobre o desempenho de indivíduos e de grupos. Os relatórios têm que ser escaláveis para incluírem todos os empregados. De igual modo, o sistema é capaz de criar calendarizações para os formandos, instrutores e salas de aula. Mais importante ainda é o facto de todas as funcionalidades serem geríveis utilizando uma interface amigável automatizada.
  • Integração de conteúdos. É importante que um LMS disponibilize suporte nativo para um leque alargado de curseware de terceiros. Quando se pretende adquirir um LMS, convém ter em conta que alguns LMS são compatíveis apenas com o courseware do próprio fornecedor, enquanto que outros fazem pouco mais do que anunciar o suporte de standards de conteúdos de aprendizagem. Um fornecedor de LMS tem que ser capaz de certificar que os conteúdos de terceiros funcionarão com o seu sistema e que o acesso aos cursos será tão fácil como utilizar um menu drop-down.
  • Suporte de standards. Um LMS tem que suportar standards, nomeadamente o SCORM e o AICC. O suporte de standards significa que o LMS pode importar e gerir conteúdos e courseware que respeite os mesmos standards, independentemente do sistema de authoring em que foram produzidos.
  • Capacidades de avaliação. Os motores de avaliações e de testes ajudam quem desenvolve a construir um programa que se torne mais valioso ao longo do tempo. É importante contar com uma funcionalidade de avaliação que permita trabalho de authoring no produto e que inclua as avaliações como parte de cada curso.
  • Gestão de competências. Um componente de gestão de competências permite que as organizações meçam as necessidades de formação e identifiquem áreas de melhoria com base nas competências colectivas dos funcionários em sectores específicos. As avaliações de competências podem ser recolhidas a partir de de múltiplas fontes, incluindo exames e ferramentas de feedback. Os gestores determinam então se os resultados são ponderados, transformados em médias, ou comparados para determinar gaps de competências. As empresas também poderão utilizar esta funcionalidade para pesquisarem competências especializadas na sua base de empregados.

Integração de LMS com LCMS

Um bom LMS fornece uma infra-estrutura que permite às empresas planear, disponibilizar e gerir programas de aprendizagem em qualquer formato que escolham. Suporta múltiplos sistemas de authoring e integra-se facilmente com os principais sistemas LCMS.

No seu papel central para todo o ambiente de aprendizagem, um LMS pode integrar objectos de aprendizagem LCMS através de especificações técnicas e de standards. Além disso, assume a responsabilidade por toda a gestão de conteúdos, incluindo a disponibilização e o acompanhamento, armazenamento num repositório de conteúdos, assemblagem e reassemblagem de objectos de conteúdo, incorporação de objectos de conteúdo em currículos combinados, e acompanhamento do progresso de cada formando ao longo dos cursos.

A chave para o sucesso da integração reside numa abordagem aberta e interoperável. Os principais fornecedores LMS e LCMS estão a lançar programas de certificação que respondem proactivamente a questões de compatibilidade e garantem a interoperabilidade entre os seus produtos. Para os fornecedores os programas de certificação representam gastos de tempo e de dinheiro, mas para os clientes constituem uma protecção contra problemas de integração ou contra o recurso a soluções paliativas. A abordagem da certificação dá aos compradores liberdade para escolherem o LMS e o LCMS que melhor responde às suas necessidades.

Baseado no texto "LMS and LCMS: What's the Difference?", de Leonard Greenberg.


Produzido em 2005

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