Os Modelos de Capacitação na Estratégia das Organizações

"A qualidade de um produto é largamente determinada pela qualidade do processo utilizado para desenvolver e melhorar". - Premissa baseada nos princípios de TQM, como ensinado por Shewhart, Juran, Demin e Humphrey.

As evidências mostram que as organizações de sucesso no mercado da indústria de software e sistemas têm uma abordagem proactiva na melhoria contínua dos seus processos. A melhoria sistematizada de processos, guiada por modelos ou referenciais, é sem dúvida a abordagem mais eficiente e eficaz.

No que respeita ao software, muitos standards foram escritos, rescritos ou mesmo abandonados. Quando o departamento de defesa norte-americano (DoD) declarou, em meados da década de 80, que estavam a passar por uma crise de software, muitas organizações tentaram naturalmente encontrar soluções para esta crise, apresentando painéis de trabalho que, por vezes, "pecaram" por um excesso de regulamentação.

No entanto, desse período resultou a criação de métodos, ferramentas, modelos e linguagens de programação com o intuito de auxiliar o desenvolvimento de software (melhorando o desempenho do triângulo mágico: qualidade do produto, tempo e custo). Deste trabalho resultou uma melhor compreensão dos processos de desenvolvimento.

As exigências actuais e o ritmo imposto às organizações, tanto a nível de mudanças, como a nível de mutações de mercado e sinergias organizacionais, conduzem à necessidade da adopção de referenciais que possibilitem a melhoria contínua.

Os modelos de capacitação, nomeadamente o modelo CMMI (Capability Maturity Model Integrated) do SEI (Software Engineering Institute) e a norma ISO/IEC 15504 (SPICE - Software Process Improvement and Capability dEtermination) têm como um dos objectivos fundamentais a melhoria contínua dos processos nas organizações e constituem um factor estratégico e de diferenciação no actual panorama de mercado das TI/SI.

O que são Modelos de Capacitação de Engenharia de Software?

Entende-se por modelos de capacitação de engenharia de software, referenciais que permitem estabelecer um guia de orientação no estabelecimento da melhoria contínua dos processos nas organizações, tendo em conta as suas opções estratégicas e de negócio.

A aplicação de um modelo de capacitação de engenharia de software, passa pelos seguintes estados:

• Identificação e caracterização do estado actual dos processos, isto é, quais os pontos fortes, pontos fracos e respectivas oportunidades de melhoria (de cada processo sujeito a avaliação);
• Caracterização da análise de desvios (Gap Analysis);
• Estabelecimento de prioridades de melhorias nos processos;
• Desenvolvimento do plano de melhorias;
• Implementação e institucionalização do plano na organização

Os modelos de capacitação poderão ser vistos como referenciais por excelência na compreensão e interiorização dos processos nas organizações e respectiva melhoria contínua, tornando-se em factores estratégicos e de diferenciação num mercado global cada vez mais competitivo.

Isabel Ferreira, coordenadora de equipa na unidade de suporte ao negócio de Gestão da Qualidade da Sinfic.

Produzido em 2005