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Retorno do Investimento no e-Learning


Na nova economia em que vivemos, as empresas e as instituições vêem-se cada vez mais confrontadas com novos desafios. A competição existente num mercado globalizado, a redução de recursos, as mudanças rápidas na tecnologia, o recrutamento e a retenção de pessoas talentosas são alguns desses desafios. Além disso, as empresas são constringidas pela necessidade de mostrar resultados a curto prazo, independentemente das circunstâncias.


No passado, as instituições viam a formação como uma despesa necessária, em vez de a verem como um investimento. A óptica da formação como investimento impôs-se como resposta aos desafios impostos pelas próprias leis do mercado e pela concorrência feroz, em que a não actualização do capital intelectual pode ser o ponto de partida para o declínio.


O capital intelectual passou a ter o mesmo peso que os activos monetários das organizações. O conhecimento é encarado agora como um artigo. Como resultado desta mudança, os valores anuais gastos em formação têm vindo a aumentar constantemente, pelo que se torna necessário demonstrar os benefícios das iniciativas formativas. Uma das formas de mostrar o seu real valor consiste em calcular o retorno do investimento (ROI) dos planos de formação das instituições.


O retorno do investimento é a taxa ou percentagem de retorno do investimento efectuado. Ou seja, poderá corresponder a um gasto maior mas, em contrapartida, também a um retorno maior. Uma das formas de aumentar o ROI e reduzir a despesa é implementar programas de formação baseados nas novas tecnologias (e-learning).


A formação baseada no e-learning reclama para si vários benefícios, entre os quais se destacam:

  • A poupança de tempo, sem diminuição dos benefícios da aprendizagem;
  • A minimização dos custos de viagens;
  • A minimização do tempo passado fora do local de trabalho;
  • Uma maior rentabilização dos custos (despesa que dá lucro);
  • A satisfação das exigências formativas de uma instituição quando está geograficamente dispersa;
  • A possibilidade de formação (mais) individualizada;
  • A possibilidade de serem alcançados resultados mais elevados do que na formação tradicional.

Para explicar a validade destas alegações, convém tecer algumas considerações sobre cada um dos benefícios referidos.


Poupança de tempo sem diminuir os benefícios da aprendizagem. Vários estudos têm mostrado que o e-learning permite poupar 35 a 45 por cento de tempo em relação à formação tradicional, obtendo ganhos equivalentes ou maiores em termos de retenção e de transferência da aprendizagem. Estes estudos foram confirmados por Brandon Hall (www.brandon-hall.com) em 1995. Utilizando 130 casos de estudos, Brandon Hall verificou que, de facto, a formação baseada nas novas tecnologias reduziu significativamente o tempo gasto. A redução variou entre 20 e 80 por cento, tendo sido verificados mais casos no intervalo entre os 40 e 80 por cento. No estudo não existiu nenhum caso que mostrasse um aumento do tempo gasto, nem perdas de retenção ou de aplicabilidade dos conhecimentos.


Minimização dos custos de viagens. Durante anos tivemos nas instituições custos relativos a viagens, não só por parte dos formandos (que tinham de se deslocar para os centros de formação, ou para alguma filial ou sede da instituição), mas também por parte dos formadores (que tinham de se deslocar para ministrar a formação).


Minimização do tempo passado fora do local de trabalho. Como foi referido atrás, alguns estudos efectuados mostraram que se pode reduzir entre 40 a 80 por cento o tempo de formação, sem perdas de retenção ou transferência de conhecimentos. Deveremos então contabilizar o tempo de produção que um colaborador perde por não estar no seu local de trabalho e ainda o que não produz por estar em formação.


Vejamos o seguinte exemplo. Uma empresa necessita de ministrar uma acção de formação de uma semana sobre Regras de Segurança a 200 colaboradores. Vamos supor que cada um desses colaboradores ganha por hora cinco euros. Só em de salários, excluindo custos de viagens, de formador? são 200 x 5 x 40 = 40 000 euros. Neste caso concreto, exceptuando outros gastos, uma redução de 40 por cento do tempo passado fora do local de trabalho resultaria numa poupança de 16 000 euros.


Maior rentabilização dos custos. O desenvolvimento ou aquisição de materiais multimédia tem custos significativamente mais elevados do que a formação presencial. Obviamente que este tipo de formação não é válido para poucos formandos. No entanto, à medida que o número de formandos aumenta, o custo será reduzido drasticamente. O e-learning pode chegar a um maior número de pessoas de forma mais rápida sem aumentar os custos.


Satisfação das exigências formativas de instituições geograficamente dispersas. O e-learning é flexível e a formação pode acontecer a qualquer hora e em qualquer local. Assim sendo, é ideal para os colaboradores que estão dispersos geograficamente. A partir de um único local é possível ministrar formação, ainda que os formandos não estejam juntos.


Possibilidade de formação mais individualizada. Quem já deu formação em sala, sabe como é difícil a formação individualizada e, ao mesmo tempo, satisfazer as necessidades dos restantes formandos. O formador traça o ritmo da formação de acordo com a maioria dos formandos. Várias são as vezes em que o formador tem de fazer "ginástica" para dar atenção aos formandos com diferentes níveis de retenção de conhecimentos num mesmo tempo de formação. O facto de o formador não ter a possibilidade de adequar o ritmo de formação às necessidades de cada formando constitui a maior desvantagem da formação tradicional.


Este não é o caso do e-learning. Alguns estudos têm mostrado que um curso em e-learning bem construído pode produzir uma formação mais individualizada. O formando pode aprender ao seu próprio ritmo e ter acesso a recursos que lhe podem dar um maior suporte à aprendizagem. Existe também a possibilidade da auto-avaliação, em que o formando vê quais são as suas lacunas em termos de competências para as poder colmatar.


Possibilidade de alcançar resultados mais elevados do que com a formação tradicional. Os estudos têm comprovado a veracidade desta afirmação. Um estudo de Gregory Adams permitiu tirar as seguintes conclusões:

  • O e-learning produziu uma curva de aprendizagem superior em 60 por cento à da formação tradicional;
  • Os formandos tiveram uma retenção de conhecimentos superior;
  • A aplicabilidade dos conhecimentos na profissão passou a ser maior;
  • O facto do e-learning ser a pedido (on demand) faz com que os formandos tenham o seu próprio ritmo, conseguindo assim obter maior consistência nos conhecimentos adquiridos;
  • Ao reterem mais conhecimentos, os formandos conseguem ser mais produtivos, diminuem os níveis de absentismo e desempenham as suas tarefas com maior qualidade.

Apesar do maior e quase imediato impacto do e-learning (no que respeita ao ROI) poder ser devido à diminuição das despesas em relação à formação tradicional, o impacto mais significativo pode ser alcançado como consequência do e-learning. O e-learning com qualidade não é só mais rápido e menos dispendioso do que a formação tradicional; também é mais efectivo.

Fernando Costa Pinto é consultor na unidade estratégica de negócios e-Learning da Sinfic.

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