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Relações de compromisso

Certificação de Nível Dois do Modelo CMMI: Uma Mudança na Cultura da Organização


Desde o terceiro trimestre de 2005, o CA Serviços enveredou por uma mudança cultural na organização, tendo como factor estratégico e agente dessa mudança a obtenção do nível dois de maturidade de acordo com o modelo CMMI (Capability Maturity Model Integration). Esta mudança passou por dois elementos estruturais: organização por processos e orientação a projectos, provocando uma verdadeira revolução no modus operandis do CA Serviços, mexendo com crenças, atitudes, conhecimentos e forma de actuação dos colaboradores da empresa.

A Sinfic foi a empresa escolhida para fornecer o suporte em termos de serviços na identificação e implementação dos processos no contexto do negócio do CA Serviços, e na obtenção do reconhecimento do nível dois de maturidade segundo o modelo CMMI. Estes serviços foram organizados em dois projectos: RIORG I e RIORG II.

O ponto de partida dos projectos RIORG

De forma sucinta, podemos caracterizar como ponto de partida dos projectos RIORG os seguintes aspectos:

  • Ausência de processos institucionalizados a nível organizacional, havendo a definição preliminar de alguns processos (Especificação de Requisitos, Planeamento de Projecto, Verificação, Equipa Integrada, e Medição e Análise). No entanto, não estavam estabelecidos e implementados na organização (passagem do implícito para o explícito e do explícito para o tácito).
  • Resistência à implementação dos processos, em parte devido ao gap de conhecimentos e técnicas associados aos novos processos.
  • Estrutura baseada em funções, não estando orientada a processos e projectos, dificultando a obtenção de métricas e indicadores estratégicos para o CA Serviços.

Caracterização dos projectos RIORG (I e II)

O âmbito realizado dos projectos RIORG I e II caracterizou-se pela prestação de serviços e consultoria na:

  • Definição e institucionalização dos processos no CA Serviços, tendo em conta a obtenção do nível dois de maturidade segundo o modelo CMMI e outros processos considerados como críticos para a organização (por exemplo, o processo de Verificação e Validação).
  • Monitorização e acompanhamento da implementação dos processos em projectos-piloto.
  • Auditorias aos processos e projectos.
  • Gestão da mudança (formação dos processos e workshops).
  • Preparação dos projectos e equipas para a avaliação CMMI.
  • Obtenção do nível dois de maturidade do modelo CMMI.

A metodologia utilizada para o estabelecimento e institucionalização dos processos no CA Serviços seguiu as linhas de orientação que apresentamos a seguir:

1. Diagnóstico inicial dos processos já estabelecidos no CA Serviços, sendo efectuada uma análise de gap que incluiu:

  • O alinhamento dos processos com os objectivos e práticas associados ao nível dois do modelo CMMI;
  • Os pontos fortes e oportunidades de melhoria dos processos em análise;
  • A obtenção do perfil do processo em análise (AS-IS).

2. Estabelecimento de um plano de melhorias por processo, onde, a partir dos objectivos e práticas (do modelo CMMI) não satisfeitos, parcialmente satisfeitos, ou mesmo satisfeitos com oportunidades de melhoria, foram propostas sugestões de alteração aos processos (TO-BE).

3. Análise e aprovação do relatório de diagnóstico e plano de melhorias por parte do responsável (owner) do processo no CA Serviços.

4. Desenvolvimento dos processos no CA Serviços associados às áreas de processo em análise do modelo CMMI.

5. Aprovação do processo por parte do responsável do processo no CA Serviços.

6. Estabelecimento de auditorias aos processos (permitindo identificar possíveis lacunas com o nível dois do modelo CMMI).

7. Implementação de acções correctivas e preventivas identificadas nas auditorias realizadas aos processos e respectiva aprovação por parte do responsável do processo no CA Serviços.

8. Estabelecimento de workshops junto de stakeholders, por forma a identificar potenciais melhorias aos processos e fomentar a gestão da mudança.

9. Implementação dos processos em projectos piloto.

10. Institucionalização dos processos no CA Serviços.

No contexto das necessidades do CA Serviços, foram utilizadas as duas representações do modelo CMMI (contínua e segmentada). Foi utilizada a representação contínua para o diagnóstico, estabelecimento do plano de melhorias e revisão/criação dos processos. Foi utilizada a representação segmentada (staged) para a preparação da avaliação formal do nível dois de maturidade do modelo CMMI.

A alteração do(s) processo(s) de uma organização (nomeadamente de desenvolvimento de software) tem normalmente algum impacto nas crenças e valores fundamentais dos colaboradores envolvidos, alterando a sua forma de trabalhar. O alinhamento do modelo CMMI com os processos do CA Serviços foi um factor de mudança e, como tal, exigiu algum esforço para se atingir novamente o patamar da área de conforto dos colaboradores. De forma a institucionalizar e interiorizar os processos no CA Serviços, foram realizadas acções de:

  • Monitorização e acompanhamento da implementação dos processos em projectos piloto.
  • Apoio na implementação do processo Verificação e Validação em projectos;
  • Realização de auditorias a processos (tanto a nível de alinhamento com o modelo CMMI, como da identificação de não conformidades e oportunidades de melhoria na aplicação dos processos) e projectos;
  • Acções de formação em gestão de requisitos com base em use cases;
  • Realização de workshops e desenvolvimento de monofolha "CMMI como factor estratégico para o CA Serviços".

A avaliação CMMI de nível dois de maturidade como elemento estratégico, para além das actividades de suporte à interiorização dos processos, incluiu a realização de acções de:

Mapeamento e registo de instâncias (projectos) para a avaliação CMMI (SCAMPI);
Participação como elementos da equipa de avaliação CMMI.

Percepção da organização após os projectos RIORG (I e II)

Após a implementação destes projectos, salienta-se a mudança de uma organização baseada em funções para uma organização orientada a processos e organizada por projectos, permitindo:

  • Estabelecer a mudança na cultura da organização que actualmente reconhece a necessidade dos processos;
  • Partilhar e disponibilizar o conhecimento dos processos a toda a organização, possibilitando a repetição dos resultados obtidos com sucesso (promovendo a independência da continuidade das equipas);
  • Promover a utilização de uma linguagem, procedimentos e realização de produtos de trabalho comuns, reduzindo os gaps semânticos entre os diferentes elementos das equipas de projecto;
  • Aumentar o conhecimento de técnicas e práticas associadas à concepção e desenvolvimento de software;
  • Gerir de forma proactiva e efectiva os projectos da organização, possibilitando a emissão de alertas durante a execução dos projectos e não à posteriori;
  • Gerir requisitos, tendo em vista o esclarecimento e comprometimento destes com o cliente;
  • Obter métricas e indicadores ao longo do ciclo de vida dos projectos e da organização, de forma a ser obtido um "retrato" do estado dos projectos e dos processos na organização.
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