O CA Serviços é um agrupamento complementar de empresas (ACE) do Grupo Crédito Agrícola proporcionando a utilização de um sistema de informação comum às 101 Caixas de Crédito Agrícola Mútuo espalhadas pelo país, perfazendo cerca de 650 balcões. Conjuntamente com a Caixa Central, o número de clientes do CA Serviços totaliza 102 clientes. Em finais de 2007, obteve a certificação CMMI (Capability Maturity Model Integration) de nível dois com o objectivo de aumentar a produtividade e melhorar a qualidade do software que correntemente desenvolve.
O Contexto
O Grupo Crédito Agrícola é um grupo financeiro de âmbito nacional, integrado por um vasto número de bancos locais - Caixas Agrícolas - e por empresas especializadas, tendo como estruturas centrais a Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo, instituição bancária dotada igualmente de competências de supervisão, orientação e acompanhamento das actividades das Caixas Associadas, e a FENACAM, instituição de representação cooperativa e prestadora de serviços especializados ao grupo.
Com 101 Caixas de Crédito Agrícola, detentoras de cerca de 650 balcões em todo o território nacional, mais de 400 mil associados e mais de um milhão de clientes, o Grupo Crédito Agrícola é um dos principais grupos bancários portugueses. A sua actividade tem como base de sustentação as Caixas Agrícolas.
O CA Serviços é essencialmente um ASP (Application Service Provider) para o Grupo Crédito Agrícola, disponibilizando o software que serve de base ao desenvolvimento do negócio das Caixas Agrícolas. O objectivo da empresa consiste em tornar os bancos do grupo (Caixas Agrícolas) cada vez mais competitivos, segundo as palavras de Jorge Jordão, presidente da direcção do CA Serviços e da CA Informática (na foto).
Quanto à CA Informática, tem uma actuação no Grupo também especializada nos sistemas de informação, mas com enfoque na gestão dos activos de base tecnológica. Por exemplo, as Caixas Agrícolas não adquirem elas próprias os equipamentos informáticos que necessitam, sendo esta uma tarefa da CA Informática, que lhes faculta os equipamentos e garante uma gestão integral de toda a base instalada.
A Necessidade
Como objectivos principais da certificação CMMI de nível dois, pretendia-se aumentar a produtividade e a qualidade. Como nos referiu Jorge Jordão, através da utilização de metodologias mais avançadas é possível desenvolver aplicações de software de uma forma mais eficiente e com níveis mais elevados de produtividade. Relativamente à qualidade, tinha-se em vista responder de forma mais eficaz e eficiente aos clientes, entendendo-se aqui a qualidade como sinónimo daquilo que é totalmente adequado ao uso final da aplicação ou às expectativas dos utilizadores.
A adopção do CMMI e correspondente certificação implica que sejam seguidos padrões de actuação mais exigentes, decorrentes de boas práticas internacionais. Estes padrões deverão, em última análise, aumentar a produtividade das equipas de desenvolvimento e a qualidade do software que é desenvolvido. Um dos problemas comuns na actividade de desenvolvimento de software são os prazos e os custos. A adopção da metodologia CMMI permite disciplinar todo o processo de desenvolvimento, de modo a que decorra dentro dos prazos e dos custos inicialmente previstos.
Por outro lado, como são seguidos padrões de trabalho idênticos em qualquer projecto, pretende-se aumentar a previsibilidade do resultado final e evitar o risco de desenvolver produtos inadequados às necessidades do cliente, com a consequente perda de dinheiro e de tempo. No entanto, isto também implica mudanças na forma de trabalhar e na cultura da própria empresa. No caso concreto do CA Serviços, passou-se de uma organização orientada essencialmente por funções, para uma orientação a processos e projectos.
A certificação CMMI de nível dois, atribuída pelo SEI (Software Engineering Institute), abarcou apenas a actividade do CA Serviços. No entanto, Jorge Jordão informou-nos de que têm previsto a adopção de melhores práticas ITIL para a CA Informática, cujos trabalhos deverão começar já no segundo semestre de 2008. Uma vez que a certificação só foi obtida em Dezembro de 2007, este ano vai ser sobretudo de consolidação da nova forma de trabalhar.
O porquê das escolhas feitas
A escolha do CMMI, segundo Jorge Jordão, teve a ver com o facto de ter sido considerada como a metodologia mais reconhecida a nível internacional. A nível europeu existe uma grande adopção do SPICE (ISO 15504), mas a escolha do CA Serviços acabou por recair no CMMI. Isto não quer dizer, no entanto, que o CA Serviços tenha como intenção internacionalizar a sua actividade ou alargá-la para fora do Grupo Crédito Agrícola.
Em termos futuros, é provável que em 2009 o CA Serviços comece a pensar na certificação CMMI de nível três. Na realidade, durante a preparação para a certificação de nível dois já foi feito na empresa algum trabalho relacionado com o nível três de maturidade do CMMI, nomeadamente nas vertentes de verificação e validação.
Quanto à escolha do ITIL para a CA Informática, existe a consciência de que há áreas de sobreposição relativamente ao CMMI. No entanto, pretende-se sobretudo uma óptica de complementaridade entre as duas metodologias, de modo a aumentar a eficiência da actividade das duas empresas, de acordo com a especificidade do negócio de cada uma.
A escolha da Sinfic para apoiar o CA Serviços na preparação para a certificação CMMI aconteceu depois de uma auscultação do mercado. Jorge Jordão sublinhou que considera ter sido uma boa escolha, dada a satisfação existente relativamente à forma como decorreu todo o processo. A Sinfic já tinha colaborado com o CA Serviços anteriormente na área da formação.
A Solução
O projecto de certificação CMMI teve a sua génese num projecto anterior designado por DALORG, circunscrito a um departamento chamado DAL (Departamento de Aplicações Locais). O objectivo era reorganizar processos de trabalho para a melhoria do desenvolvimento de software. Este projecto decorreu durante o ano de 2005. No início de 2006, decidiu-se alargar a experiência à empresa como um todo, algo que foi concretizado em dois projectos, designados por RIORG I e RIORG II. A designação RIORG é a aglutinação de Rural Informática (nome anterior do CA Serviços) e organização, a exemplo daquilo que tinha sido feito para a designação DALORG (organização do departamento DAL).
O projecto RIORG I decorreu sobretudo durante 2006 e o RIORG II durante 2007. No primeiro definiram-se e institucionalizaram-se processos, incorporando algumas áreas de processo do modelo CMMI de nível dois, nomeadamente:
Paralelamente, foi tida em conta a gestão da mudança (com acções de formação e workshops), bem como a verificação e validação.
No projecto RIORG II, o trabalho incluiu a definição e institucionalização dos processos de:
De igual modo, trabalhou-se na monitorização e acompanhamento dos projectos a serem sujeitos a avaliação, na gestão da mudança, na preparação dos processos e das equipas para a avaliação, na obtenção do reconhecimento de que o CA Serviços cumpria os requisitos do nível dois de maturidade do CMMI.
O texto "Processo de Certificação CMMI Nível Dois no CA Serviços" complementa este, apresentando com maior detalhe o trabalho realizado para a obtenção da certificação por parte desta organização.