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Relações de compromisso

O E-learning na Formação dos Profissionais Bancários Portugueses


O Instituto de Formação Bancária (IFB) é o órgão da Associação Portuguesa de Bancos (APB) para a formação e o ensino superior especializado. O IFB incorpora o Instituto Superior de Gestão Bancária (ISGB), um estabelecimento de ensino superior politécnico. Neste artigo vamos falar da vertente de e-learling na actividade de ensino dos dois institutos.

A missão do IFB passa pelo reforço da cultura da profissão e, através da qualificação dos recursos humanos, pelo apoio ao desenvolvimento do sector financeiro português. Quanto ao ISGB, tem como objectivo a formação superior de quadros e técnicos direccionados para o sector financeiro. Tanto o IFB, como o ISGB, ministram formação orientada para a satisfação das necessidades do sector financeiro português. A grande diferença entre os dois institutos reside basicamente no grau académico que é conferido e na tutela do Ministério da Educação (relativamente aos cursos do ISGB).

O IFB está orientado sobretudo para a formação contínua dos profissionais bancários e candidatos a trabalhar no sector, enquanto que o ISGB ministra ensino com graus académicos de licenciatura e pós-graduação, entre outros. No fundo, o ISGB é uma unidade orgânica do IFB, que partilha uma série de recursos (apoio administrativo, informático, logístico?), mas com uma gestão de cursos autónoma.

Para aceder a mais informação e aos cursos propostos pelas duas instituições, poderá consultar os sites http://www.isgb.pt/ e http://www.ifb.pt/. Cada um dos sites remete para o outro.

A Necessidade

A nível nacional, a população alvo do IFB e do ISGB - que inclui sobretudo profissionais do sector bancário e candidatos a trabalhar no sector - apresenta uma ampla dispersão no território nacional. Recorde-se que os bancos são instituições dispersas por natureza, dada a necessidade de conseguirem a maior proximidade possível com os clientes. Por outro lado, os balcões tendem a ser cada vez mais pequenos e a ter menos pessoas, dificultando a dispensa das mesmas para acções de formação presencial.

Desta forma, a formação convencional apresenta algumas limitações, nomeadamente a deslocação de formandos e/ou de formadores pelo país. Tornou-se assim necessário desenvolver e implementar metodologias e soluções de formação que se enquadrem nos requisitos de preparação e características próprias das populações do sector financeiro.

Além da actividade em Portugal, o IFB e o ISGB têm vindo a desenvolver actividades no plano internacional. A actividade internacional do Instituto de Formação Bancária tem tido duas áreas geográficas de actuação preferenciais - o Leste da Europa e os PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa). Essa actividade tem-se concretizado do seguinte modo:

  • Projectos visando o estabelecimento de estruturas necessárias à criação de cursos de gestão bancária, utilizando a metodologia do ensino a distância (Hungria,
  • República Checa, Eslováquia e Estónia) e financiados pelo PHARE;
  • Organização de seminários feitos à medida das necessidades dos bancos receptores, igualmente integrados na iniciativa comunitária PHARE;
  • Formação presencial em vários temas bancários com programas à medida das necessidades identificadas pelos bancos (Bulgária, República Checa, Angola, Moçambique, Cabo Verde e Guiné Bissau);
  • Criação de Institutos de Formação Bancária homólogos (Angola, Moçambique);
  • Facilitadores de sinergias entre sectores bancários.

Quanto ao ISGB, pela sua natureza de escola superior para o sector financeiro, tem vindo a participar, através do seu corpo docente, em projectos internacionais financiados pela União Europeia (EU) e vocacionados para a investigação, nomeadamente as linhas de financiamento Leonardo da Vinci, bem como em alguns dos projectos internacionais em que o IFB desenvolveu actividade como parceiro ou coordenador. Por exemplo, em parceria com o Instituto Superior de Ciências Económicas e Empresariais de Cabo Verde, o ISGB ministrou naquele país o curso de Gestão Bancária (bacharelato), que teve início no ano lectivo de 1998/1999 e terminou no ano lectivo de 2003/2004.

Ensino a distância

Na prossecução dos seus objectivos e tendo em conta o desenvolvimento dos seus projectos científicos, culturais e pedagógicos, a vertente do ensino a distância assume uma forte relevância na actividade do ISGB e do IFB. O ensino a distância constitui assim, segundo informação publicada no site do ISGB, "uma opção pedagógica capaz de enfrentar os desafios da formação de grupos alvo numerosos, assegurando, em simultâneo, adequados níveis de eficácia e de qualidade".

O IFB e o ISGB, através da adopção do ensino a distância, têm em vista:

  • Ir ao encontro dos destinatários, independentemente da sua localização;
  • Permitir aos alunos uma grande flexibilidade da gestão dos tempos de estudo, em paralelo com uma actividade profissional plena;
  • Enriquecer o processo de aprendizagem, através da possibilidade de uma ligação permanente entre o estudo e a actividade profissional;
  • Relevar a importância do envolvimento pessoal de cada indivíduo no seu próprio processo de formação e valorização.

Os modelos de ensino a distância desenvolvidos pelo IFB/ISGB tiveram em conta as práticas universalmente consagradas, os desenvolvimentos disponíveis nas diferentes vertentes tecnológicas, bem como a experiência decorrente da sua própria actividade e dos resultados da sua investigação. No modelo de ensino a distância adoptado, destacam-se os seguintes aspectos:

a) Investimentos pedagógicos em materiais e recursos de diversos tipos, tendo em conta a adequação dos mesmos ao perfil dos alunos alvo e às características próprias das matérias a ministrar;

b) Desenvolvimento de metodologias e processos de auto-avaliação da aprendizagem, por parte dos alunos;

c) Aperfeiçoamento de sistemas de avaliação formal dos alunos;

d) Investigação e desenvolvimento de sistemas de controlo de qualidade e adequação dos modelos aos objectivos em vista e consequente implementação.

A Solução

O ensino a distância no IFB começou em 1986. Na altura, não tinha nada a ver com as tecnologias de e-learning. Baseava-se sobretudo em suporte de papel (manuais), sendo depois complementado com sessões de formação presencial. Esta era uma forma de responder à dispersão geográfica dos formandos e à dificuldade em deslocar as pessoas para formação. Os bancos conseguiam assim ministrar formação contínua aos seus funcionários sem grandes perturbações na actividade normal das dependências, uma vez que os funcionários podiam continuar a trabalhar normalmente no seu posto de trabalho.

Os suportes digitais, nomeadamente o CBTs (Computer Based Training), nunca chegaram a ter grande expressão. Segundo Pedro Azevedo, director do IFB responsável pelo Departamento de Sistemas de Informação, foram feitas algumas experiências na área dos CBTs, mas sem grande sucesso. Isto porque em finais dos anos 80 e inícios da década de 90 eram poucos os formandos com computador em casa. Por outro lado, os computadores dos bancos utilizados no trabalho do dia a dia eram simplesmente terminais ou PCs com algumas restrições (por exemplo, não tinham dispositivos de som).

A era do e-learning

A banalização posterior nos bancos do acesso à Internet e dos terminais de trabalho com capacidades gráficas, abriu caminho ao e-learning. Este tipo de tecnologia entrou no IFB em 1997, mas só se viria a desenvolver com alguma expressão a partir de 2001. De qualquer forma, entre 1997 e 2001 foram realizadas algumas acções de formação baseadas em e-learning, sobretudo para familiarizar os tutores com os novos meios, e para vender a ideia de que o e-learning começava a fazer sentido como meio de formação a distância, como referiu Pedro Azevedo.

Em 1997, foram dados os primeiros passos no e-learning com um sistema que era sobretudo um sistema de conferência baseada em computador, o qual permitia a troca de ficheiros e a discussão de trabalhos. A preparação de conteúdos de auto-estudo era inexistente. Mesmo assim, as sessões de apoio presencial passaram a ser substituídas por este contacto mais permanente para tirar dúvidas via conferência baseada em computador.

A produção de conteúdos de e-learning propriamente ditos só se iniciou no IFB em finais de 1999, passando a servir de base a cursos em 2001. Estes conteúdos são preparados internamente. O processo começa com a identificação dos conteúdos, recorrendo-se de seguida a especialistas na matéria para compilarem o texto de base. A partir daqui, entra em acção o departamento pedagógico do IFB, que trata e transforma o texto de base em conteúdo e-learning, com a colaboração da área técnica de meios audiovisuais e gráficos, que tem competências na área gráfica e multimédia.

Actualmente, existe uma componente de formação baseada em e-learning, tanto no IFB, como no ISGB. Contudo, neste último, a componente de e-learning é apenas complementar aos outros meios de formação - ensino a distância de base papel e sessões de apoio. Isto quer dizer que não existem actualmente cursos no ISGB que sejam ministrados totalmente via e-learning.

Mudança de Tecnologias

Ao longo do tempo, o e-learning foi sofrendo algumas adaptações no IFB em termos tecnológicos. Os primeiros conteúdos foram desenvolvidos com base em sistemas de autor tradicionais. No entanto, era necessário recorrer aos chamados players (software que permite ler e visualizar correctamente os conteúdos), o que exige a importação dos mesmos, tornando o processo bastante lento, sobretudo se pensarmos em redes de bancos com milhares de terminais. O IFB passou assim a basear-se sobretudo em páginas HTML (com eventuais animações Flash) e nas capacidades dos browsers para o acesso aos conteúdos.

É nesta viragem que entra a Sinfic. Ou melhor, na realidade, a colaboração com a Sinfic já tinha começado alguns anos antes. O IFB sentiu a necessidade de adquirir um motor de testes robusto para as avaliações nos cursos de formação baseados em e-learning. Optou então em 2000 pelo sistema Perception da QuestionMark. Esta solução viria pouco tempo depois a ser representada em Portugal pela Sinfic, passando assim a prestar assistência ao produto.

Em finais de 2005 e início de 2006, o IFB recorreu à Sinfic para um projecto de implementação de dois produtos da Giunti Interactive Labs: o eXact Packager e o eXact Lobster. O primeiro destina-se à criação e publicação de conteúdos de e-learning, enquanto que o segundo é um repositório de conteúdos baseado na base de dados XML Tamino Server da Software AG.

A decisão pelos dois produtos referidos ficou a dever-se à necessidade de individualizar conteúdos e de os costumizar de acordo com vários aspectos de cada instituição (produtos, marketing, etc.). Esta costumização aumenta exponencialmente o número de versões dos conteúdos que o IFB tem de gerir.

A escolha da Sinfic ficou a dever-se basicamente a dois aspectos chave. Por um lado, os próprios produtos, por se adequarem melhor às necessidades do IFB. Por outro, o facto de já trabalhar com a Sinfic e de esta ser uma empresa que inspirava confiança aos responsáveis do IFB pela sua solidez no mercado e pelo suporte já prestado anteriormente.

A plataforma de LMS (Learning Menagement System) utilizada pelo IFB e pelo ISGB foi desenvolvida internamente. Esta decisão teve a ver sobretudo com o facto do Instituto não ter encontrado no mercado uma solução que respondesse às suas necessidades funcionais e de preço. Contudo, é o próprio Pedro Azevedo que admite que esta decisão por uma solução proprietária possa vir a mudar no futuro - não só porque o mercado do e-learning vai ficando mais maduro e com preços mais acessíveis, mas também porque os custos de manutenção de uma solução proprietária tendem a aumentar com o tempo.

De acordo com Pedro Azevedo, no conjunto da actividade de formação do IFB e do ISGB, o e-learning deverá representar actualmente cerca de 11 por cento da formação. No entanto, se considerarmos exclusivamente a formação profissional contínua, o e-learning já representa mais de 30 por cento. Segundo o nosso entrevistado, as organizações tenderão a apostar cada vez mais no e-learning para as áreas em que o considerarem suficiente para a formação. Em muitos casos, esta tendência avançará no sentido do chamado blended learning - em que o e-learning é utilizado de forma complementar com a formação tradicional.

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