A Associação Nacional das Farmácias (ANF) nasceu a 27 de Julho de 1975, como sucessora do antigo Grémio Nacional das Farmácias, com o intuito de defender os legítimos interesses dos farmacêuticos, na óptica de serviço de interesse público. A ANF representa a quase totalidade das farmácias existentes no nosso país, embora a sua inscrição seja facultativa. Nesta perspectiva, tendo em vista a universalização da formação dos farmacêuticos, a ANF iniciou em meados de 2005 um curso de formação a distância, baseado em conteúdos e-learning.
Actualmente, a ANF tem mais de 2700 associados, distribuídos pelos país de acordo com critérios geográficos e demográficos. Deste universo de farmácias, cerca de 2460 estão informatizadas. Ao todo, estes estabelecimentos envolvem mais de 4500 farmacêuticos (52 por cento no activo) e cerca de 6400 colaboradores não farmacêuticos.
Os objectivos da ANF são os seguintes:
A necessidade
Dando seguimento especificamente ao antepenúltimo objectivo da lista apresentada acima - "criar condições de formação contínua dos farmacêuticos e dos seus auxiliares" - a ANF, a Ordem dos Farmacêuticos e as Faculdades de Farmácia de Lisboa, Porto e Coimbra constituíram uma parceria em 1983 para a formação contínua dos farmacêuticos de oficina. A designação farmacêuticos de oficina aplica-se aos chamados farmacêuticos que trabalham habitualmente nas farmácias.
No âmbito desta parceria, o modelo que tem sido seguido é a formação presencial - com os formandos a deslocarem-se a centros de formação e esta a decorrer em sala, seguindo os métodos tradicionais de ensino. No entanto, este modelo não conseguiu cumprir o requisito de universalidade (chegar facilmente a todos os farmacêuticos).
Se considerarmos que existem farmácias espalhadas por todo o país e que as acções de formação presencial da ANF não podem chegar a todo o lado (ou chegam apenas esporadicamente), facilmente se compreende que seria difícil existir um acesso à formação em igualdade de circunstâncias por parte de todos os farmacêuticos.
Convém sublinhar ainda que os farmacêuticos têm que renovar a sua carteira profissional de cinco em cinco anos. Ou seja, durante este período, a Ordem dos Farmacêuticos exige a cada profissional que queira permanecer no activo a obtenção de 15 créditos em acções de formação. Por outro lado, a legislação impõe uma presença constante dos farmacêuticos nas suas farmácias, o que obriga a que as acções de formação presencial tenham que ser obrigatoriamente de curta duração.
As primeiras tentativas de universalização deste tipo de formação aos farmacêuticos de oficina portugueses utilizaram como suporte o CD-ROM. No entanto, depressa se concluiu que o e-learning permitia uma estratégia formativa mais adequada e flexível para cumprir o requisito de universalidade da formação.
A Solução
Como plataforma de e-learning, foi adoptado o LMS (Learning Management System - ou sistema de gestão da aprendizagem) IntraLearn, adquirido à unidade estratégica de negócio de e-learning da Sinfic. Paralelamente, foram contratados à Sinfic serviços de consultoria para encontrar o modelo mais adequado, bem como serviços de estruturação electrónica dos conteúdos. O primeiro curso de formação a distância foi lançado em meados de 2005.
A unidade de formação a distância da ANF tem apenas duas pessoas. No entanto, a criação das acções de formação baseadas em e-learning envolve mais recursos humanos externos. Os formadores, por exemplo, são externos e são normalmente os mesmos que trabalham na vertente da formação presencial.
Os conteúdos são quase sempre produzidos por equipas mistas de médicos e farmacêuticos. Estes conteúdos são depois sujeitos a uma validação técnico-científica. Seguidamente, passam para a área didáctica, que é assegurada pela unidade de formação a distância da ANF. Nesta fase, os conteúdos são adaptados ao modelo de e-learning que está a ser seguido - uma estrutura mais ou menos uniforme para facilitar a aprendizagem dos conteúdos por parte dos formadores.
Os elementos de vídeo ainda não são utilizados, sobretudo devido ao peso destes conteúdos e à consequente dificuldade de acesso aos mesmos via Internet ou através da intranet das farmácias. No entanto, já estão a ser utilizados conteúdos áudio, além de imagens e texto. A partir desta fase de intervenção didáctica, os conteúdos são enviados para a unidade de e-learning da Sinfic, a fim de serem transformados em versão e-learning.
O passo seguinte envolve as fases de teste. Numa primeira fase, os responsáveis pela vertente didáctica da ANF procuram identificar os primeiros problemas que possam existir. Numa segunda fase, os testes são realizados com um pequeno grupo de formandos reais. Tudo isto assegura que os conteúdos disponibilizados efectivamente para as acções de formação já passaram por vários crivos - científicos, técnicos e didácticos. Os conteúdos finais são disponibilizados aos formandos através de um servidor da própria ANF.
No que se refere aos formandos, o primeiro curso de formação a distância já tinha cerca de 150 inscritos na altura em que foi efectuada esta entrevista com Sofia Saraiva e Silva, gestora de formação a distância na Associação Nacional de Farmácias. Segundo a própria, existiam inicialmente alguns receios relativamente à adesão da comunidade de farmacêuticos de oficina à formação a distância. Recorde-se que estes profissionais não estão normalmente muito familiarizados com a Internet, sobretudo quando se trata de faixas etárias mais altas.
No entanto, os receios iniciais vieram a mostrar-se infundados, uma vez que o número de inscritos referido atrás foi conseguido sem grande esforço de divulgação do novo tipo de ensino. Como ponto forte, a ANF tem vindo a promover a informação das farmácias, existindo cerca de 2460 farmácias informatizadas num universo de 2700 sócios da associação. Desta forma, a formação a distância também utiliza a rede informática das farmácias (intranet) para a disponibilização de conteúdos e-learning. De igual modo, os formandos podem aceder aos mesmos conteúdos via Internet.
Para a formação a distância, a ANF está a prever um máximo de três meses de duração. Ou seja, desde o momento em que o formando obtém o nome de utilizador e a palavra de passe (para poder aceder aos conteúdos da formação), tem três meses para realizar a avaliação. A avaliação pode ser realizada a distância ou presencial (num dos centros de formação da ANF).
Vantagens da formação a distância
A formação suportada em conteúdos e-learning tem várias vantagens para todas as partes envolvidas. Do lado da ANF, a principal vantagem reside na possibilidade de tornar a formação verdadeiramente universal. Isto quer dizer que os farmacêuticos que não têm acesso à Internet em casa, podem aceder aos conteúdos e-learning nas próprias farmácias, através da intranet. Desta forma, a ANF pode prestar serviços de formação aos seus associados para fins como a revalidação da carteira profissional, actualização técnica, etc.
Do lado dos farmacêuticos, podem melhorar as suas capacidades no que concerne a informação sobre medicamentos e aconselhamento aos doentes (cuidados a doentes crónicos, uso correcto dos medicamentos, etc.). De igual modo, podem aceder aos conteúdos de formação sem se deslocarem geograficamente. Ou seja, acedem a esses conteúdos no próprio local de trabalho (farmácia, via intranet), ou a partir de casa (Internet). A flexibilidade também se faz sentir em termos de tempo de estudo, uma vez que podem gerir esse tempo ao longo dos três meses que medeiam entre o acesso aos conteúdos e a avaliação final.
Do lado dos doentes, a grande vantagem é a possibilidade de contarem com farmacêuticos mais actualizados, mais informados e mais capazes de lidar com os doentes, uma vez que estas acções de formação, pelo facto de chegarem facilmente aos destinatários, podem extravasar os objectivos de revalidação da carteira profissional.
Também podemos destacar vantagens a nível científico. Por exemplo, os conteúdos apresentados em congressos nacionais e internacionais, ou os conteúdos da autoria de especialistas de renome, poderão vir a ser disponibilizados para formação/informação a distância, melhorando os serviços prestados pela ANF aos seus associados e as competências dos farmacêuticos nacionais.