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Projecto TIM: Avaliação do Risco em 22 Empresas de Software


TIM

O Projecto TIM (Tradição, Inovação e Mudança) iniciou a sua actividade em Janeiro de 2003 e foi concluído em finais de Setembro de 2004. Durante este período, criou as condições de base e concretizou os seis eixos de actuação definidos para o Projecto. Mais concretamente, este projecto sedeado em Coimbra e promovido pela ACIC (Associação Comercial e Industrial de Coimbra) teve como objectivo promover melhorias na indústria de software nacional e regional.

Como se tratou de um projecto complexo e ambicioso, a ACIC recorreu aos fundos estruturais da União Europeia para esta iniciativa de desenvolvimento empresarial. Apesar de estar voltado preferencialmente para a região de Coimbra, o Projecto TIM também procurou ser capacitador de mais valias de âmbito nacional. O financiamento restante foi suportado por empresas nacionais e multinacionais a actuar em Portugal na indústria do software e das novas tecnologias.

O Contexto

O Projecto TIM envolveu seis eixos chave de acção. Num primeiro eixo foi efectuado o diagnóstico e a análise da situação actual em termos de desenvolvimento de software. Este eixo considerou igualmente o desenvolvimento de modelos de desenvolvimento ou o delineamento de caminhos para a acção futura. O conhecimento das dificuldades e das potencialidades é importante para a forma de actuação nos restantes eixos do projecto.

Um segundo eixo consistiu na sensibilização e captação de recursos para a indústria de software. Para conseguir alcançar este objectivo, o Projecto realizou várias iniciativas destinadas a promover a indústria do software junto de empresas e agentes empresariais, de agentes de investigação e tecnológicos, de agentes financeiros, de profissionais, ou de instituições de ensino universitário, politécnico e tecnológico (incluindo professores e alunos).

Neste segundo eixo foram realizados vários seminários e conferências sobre temas ligados à economia digital e à indústria de software (qualidade de software, e-development, oportunidades de carreira na indústria de software, métricas de desenvolvimento de software, papel do software na inovação empresarial, Internet e novas oportunidade de negócio, etc.).

O evento que teve maior notoriedade junto do grande público e da comunidade informática foi a realização do Primeiro Congresso Português de Engenharia de Software, que congregou em Coimbra várias centenas de especialistas (nacionais e internacionais) e actores da indústria informática.

Um outro eixo envolveu a assistência técnica qualificada. O alvo deste conjunto de acções foram algumas empresas pré-qualificadas na fase de diagnóstico. Foram constituídas equipas com consultores externos e quadros das empresas escolhidas para se proceder a diagnósticos específicos de cada caso, envolvendo questões como as competências tecnológicas, de marketing e de vendas, assim como a vertente financeira e a estratégia seguida.

Os processos de desenvolvimento de software também foram analisados. Com base nessa informação, foram delineadas estratégias e planos de acção para cada uma das empresas, podendo envolver a redefinição dos processos existentes, a selecção e implementação de tecnologias adaptadas a cada empresa, ou outras acções destinadas a promover a melhoria dos sistemas de produção de software.

O objecto de um quarto eixo foi algo designado por formação-acção. O que se pretendeu com este eixo foi responder a dois objectivos essenciais. Por um lado, lançar especialistas qualificados no mercado para aumentar os recursos humanos orientados para a qualidade dos processos de desenvolvimento de software. Para isto, o Projecto TIM formou uma dúzia de formadores, capacitando-os para multiplicarem posteriormente esta iniciativa de formação.

Por outro lado, foi ministrada formação a quadros das empresas pré-qualificadas. A vertente da acção residiu no facto de alguns dos recursos humanos qualificados pelo projecto terem sido envolvidos na assistência prática disponibilizada às empresas de desenvolvimento de software seleccionadas.

O quinto eixo teve a ver com empreendedorismo, pelo que procurou promover iniciativas válidas na indústria do software. Neste sentido, foram realizados seminários para promover o empreendedorismo, concursos de ideias/projectos válidos e a elaboração de um modelo multidimensional de apoio à elaboração de orçamentos de projectos e de planos de negócios. O objectivo deste eixo foi contribuir para uma maior competitividade das empresas existentes e para promover o surgimento de start-ups na área do desenvolvimento de software.

Todos estes cinco eixos foram complementadas por um sexto, que envolveu acções de marketing e evangelização do mercado. Mias concretamente, foi editada uma newsletter mensal em formato papel e foi colocado no ar um site de apoio ao projecto, ambos destinados a veicular conteúdos na área da engenharia de software. As acções de marketing destinaram-se igualmente à divulgação do projecto e de eventos, bem como à angariação de participações individuais e colectivas.

A Necessidade

Em Junho de 2004, no âmbito do Projecto TIM, foi lançado o desafio à unidade de negócio de CPS (Corporate Project Solutions) da Sinfic para dinamizar uma acção de Software Risk Assessment aos projectos de 22 empresas aderentes à iniciativa de formação-acção do projecto.

A gestão do risco é um dos componentes chave no processo avançado de desenvolvimento de software e já é adoptada nas empresas mais produtivas desta indústria a nível internacional. A gestão do risco no software envolve a avaliação global dos riscos dos projectos e a identificação, prioritização e gestão proactiva de riscos específicos.

Nos projectos de desenvolvimento de software onde se utilize a gestão de risco, identifica-se rapidamente o seguinte conjunto de benefícios:

  • Aumento da produtividade dos programadores;
  • Menor número de "surpresas";
  • Melhor cumprimento dos compromissos assumidos com o cliente.

De modo a introduzir estas boas práticas nas empresas em questão, foi decidido realizar uma acção de avaliação do risco aos projectos em acompanhamento/observação. A confidencialidade e o anonimato eram dois dos pilares fundamentais que, caso não fossem contemplados, iriam seguramente penhorar o sucesso desta acção.

Face à dispersão geográfica e aos prazos apertados, foi crucial a escolha de um método que, com rapidez, permitisse realizar uma avaliação de risco em cada projecto, recolhendo a opinião anónima de quatro a seis elementos das equipas em cada um dos 22 projectos em observação. Adicionalmente, dada a quantidade de informação a avaliar e a consolidar, a execução dos 22 relatórios finais teve de ser tida em consideração, sendo que o nível de risco associado a cada projecto consistiria numa informação fundamental a obter.

A Solução

A experiência acumulada pela unidade de CPS da Sinfic na execução de acções de avaliação de risco em projectos de desenvolvimento de software, aliada à utilização da ferramenta RiskIDPro, foi decisiva para o sucesso alcançado, na opinião de Jorge Teixeira, responsável pela acção de formação-acção do Projecto TIM.

A equipa de quatro consultores do TIM e o gestor de projecto da unidade de CPS da Sinfic garantiram o envolvimento das 22 empresas, a que corresponderam outros tantos projectos, ouvindo e recolhendo a opinião de um total de 129 elementos de equipa, através das respostas confidenciais e anónimas a questionários baseados na Taxonomia de Risco do SEI (Software Engineering Institute). Este trabalho resultou na produção de 44 relatórios de Nível Global de Risco, o que dá dois relatórios por empresa - um relatório emitido pela ferramenta RiskIDPro e outro elaborado pelos consultores para cada projecto.

Os relatórios produzidos permitiram identificar os desvios relativamente à data de conclusão prevista para cada projecto analisado. Esta análise de desvios teve em conta a data de conclusão prevista na baseline (em calendário) e permitiu, com um grau de confiança de 80% (pior cenário) e de 90% (data mais provável), encontrar o número total de semanas de desvio.

Também foi avaliado o Project Status, no sentido de comparar as práticas existentes em cada empresa com os níveis das melhores práticas mundiais, tendo em conta os seguintes cenários:

  • No caso de mais de 0,8 por cento das métricas de sucesso estarem acima de 3, o Project Status seria Verde.
  • No caso de mais de 0,4 por cento das métricas de sucesso estarem abaixo de 2, o Project Status seria Encarnado.

A análise do Triângulo de Restrições - Tradeoffs (Qualidade/ Calendário/ Custos) - foi tida igualmente em conta, no sentido de tornar visível em que medida (em cada projecto), cada um dos eixos era mais ou menos relevante face aos outros dois. Como exemplo, podemos referir o seguinte resultado: num dado projecto é dada maior importância à qualidade (66,7 por cento), em detrimento dos custos (33,3 por cento) e dos prazos/calendário (0%). O equilíbrio normal é de 33,3 por cento nas três vertentes.

Para cada projecto foram identificados os factores de sucesso (com indicação de melhorias), bem como os factores de risco (com indicação de acções de mitigação). As recomendações estabelecidas com recurso à ferramenta RiskIDPro visaram a comparação com as best practices do mercado, tendo em conta a monitorização de um vasto conjunto de projectos de desenvolvimento de software a nível internacional.

As recomendações de melhoria efectuadas para os factores de sucesso encontrados também visaram os aspectos mencionados muitas vezes, relacionados sobretudo com a melhoria contínua.

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