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OGMA: Melhorar os Processos de Desenvolvimento de Software


Empordef

A Empordef TI surgiu apenas em 2004. No entanto, a sua história e experiência remonta a vários anos atrás, uma vez que foi criada a partir de um spin-off da Divisão de Engenharia de Desenvolvimento (DED) da OGMA - Indústria Aeronáutica de Portugal. Esta última, por sua vez, tinha sido criada a partir da antiga OGMA (Oficinas Gerais de Material Aeronáutico), fundada em 1918 como um departamento da Força Aérea Portuguesa, tendo a Divisão de Engenharia sido criada em 1983.

O Contexto

Os engenheiros e os especialistas técnicos da antigo DED possuíam uma grande experiência em várias áreas da aeronáutica, nomeadamente desenho, produção, simulação, desenvolvimento de equipamento e de software de teste, comunicações, comando e controlo, tecnologias de materiais e de informação. As competências em simulação e software de teste passaram para a nova empresa, designada por Empordef TI.

Actualmente, a Empordef TI conta com 19 engenheiros dedicados exclusivamente a actividades de projecto e distribuídos pelas áreas de simulação, formação e software de teste. A Empordef - Tecnologias de Informação é detida na totalidade pela Empordef - Empresa Portuguesa de Defesa, que é a holding do estado português para a indústria de defesa.

O caso a que se refere este artigo enquadrou-se no Projecto TIM (Tradição, Inovação e Mudança), destinado a promover as melhores práticas internacionais na indústria de software portuguesa. Nesse sentido, um dos eixos de actuação do Projecto TIM foi a Consultoria e Assistência Técnica em Desenvolvimento de Software a empresas/departamentos com uma forte componente de desenvolvimento de software. Uma das 10 empresas seleccionadas pelo projecto foi a OGMA, incidindo a assistência técnica qualificada sobre a actividade da Divisão de Engenharia de Desenvolvimento.

A Necessidade e a Metodologia de Funcionamento

A competitividade internacional tem obrigado as empresas e os países a procurarem desenvolver sectores económicos com elevado valor acrescentado. Um deles é o software, algo que já é reconhecido em Portugal há vários anos. A OGMA já era uma empresa certificada de acordo com a norma ISO 9001:2000 e tinha o seu sistema de gestão da qualidade construído com base no modelo de referência MIL-STD (desenvolvido pelo departamento de defesa dos Estados Unidos).

Neste contexto, a necessidade consistia em identificar os pontos fracos, pontos fortes e oportunidades de melhoria, tendo por base o modelo de referência SPICE. A partir deste diagnóstico, seria possível estabelecer um plano de melhoria, de modo a aumentar ainda mais a competitividade internacional da empresa.

Esquema OGMA
Esquema seguido pela acção de assistência técnica qualificada na Divisão de Engenharia de Desenvolvimento da OGMA. Através de um spin-off, esta divisão deu origem à actual Empordef TI.
(clique na Imagem para a visualizar em tamanho maior)

No desenvolvimento do projecto de assistência técnica qualificada, o Projecto TIM aplicou uma modalidade a partir de momentos de acção em cada uma das empresas. Esses momentos de acção compreenderam duas componentes. A primeira envolveu a intervenção de um formador/consultor nas empresas. A segunda traduziu-se no desenvolvimento de actividades por parte dos participantes e dos seus colaboradores, tendo em vista a elaboração de um plano de acção e a respectiva implementação durante o processo de consultoria.

O trabalho decorreu no contexto do ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act). Este ciclo foi desenvolvido inicialmente por Deming e Juran, sendo mais tarde melhorado por W. Shewart. Actualmente, é designado por muitos como ciclo de melhoria. O objectivo era criar as condições necessárias à apropriação das boas práticas de desenvolvimento de software. O apoio à implementação compreendeu visitas às empresas envolvidas para a definição de um conjunto de medidas específicas para a "adesão" e acção da empresa aos processos de desenvolvimento de software com qualidade.

Os trabalhos das assistência técnica qualificada iniciaram-se com a fase do diagnóstico estratégico, que teve como objectivo recolher e organizar a informação necessária para analisar a situação de cada empresa. O diagnóstico realizado teve como base a norma ISO/IEC 15504, geralmente conhecida como SPICE (Software Process Improvement and Capability dEtermination).

O propósito consistiu em determinar o grau de capacidade de realização dos processos no que se refere a objectivos de qualidade, custos e prazo - o chamado triângulo mágico. A finalidade da norma SPICE é fornecer um enquadramento para a avaliação dos processos e fornecer requisitos mínimos para a realização de uma avaliação que assegure a consistência e replicação das classificações.

A Solução

Tal como acontece actualmente com a Empordef TI, que herdou as competências da DED da OGMA, a Sinfic aglutinou a equipa de consultores do TIM na sua estrutura actual. Desta forma, apesar do presente caso ter tido como intervenientes reais a OGMA (através da DED) e o Projecto TIM, os herdeiros da experiência são a Empordef TI e a Sinfic.

No caso concreto da DED, a exemplo do que aconteceu nas restantes empresas seleccionadas pelo Projecto TIM, começou-se pela realização de um diagnóstico (avaliação SPICE). A execução desse diagnóstico teve os seguintes objectivos:

  • Estabelecer a relação entre os processos implementados na OGMA e o modelo de avaliação SPICE;
  • Identificar o nível de capacidade de processos de desenvolvimento implementados na unidade organizacional;
  • Estabelecer a melhoria de processos associados ao desenvolvimento de software, com especial incidência na gestão de alteração de requisitos e divulgação dos mesmos junto do cliente, e na implementação e gestão dos testes associados ao desenvolvimento de software.

A unidade organizacional da empresa OGMA avaliada foi a Divisão de Engenharia de Desenvolvimento, tendo os seguintes projectos de referência para avaliação:

  • SIMFABE: Simulador de Procedimentos. Este projecto tem por objectivo desenvolver e implementar o "upgrade" do "cockpit" de treino C-130.
  • PABE2: Software para Ensaio de Motores - Bancos de Ensaio. Projecto destinado a dotar a DMT (Divisão de Motores da OGMA) de um sistema de aquisição, análise e controlo para ensaio de motores Turbo Prop. e Turbo Shaft (BE2).
  • ABEL: Software para Ensaio de Motores - Bancos de Ensaio. Projecto destinado a garantir a capacidade operacional do Banco de Ensaio da FAP para o motor
  • LARZAC 04C20 e melhorar as capacidades de diagnóstico do mesmo.
    SimAJET: Modernização do Simulador de voo Alpha-Jet. Projecto orientado para a modernização do simulador de voo do avião Alpha Jet da FAP.

Após a fase de diagnóstico, foram apresentados os processos e subprocessos do SPICE, tendo sido seleccionados pelo promotor os processos/subprocessos apresentados no quadro que se segue. Estes processos e subprocessos foram diagnosticados posteriormente segundo o modelo de avaliação SPICE.

Processo/ Sub Processo
Descrição
CLI.3Processo de Levantamento de Requisitos
ENG.1.1Análise e Desenho dos Requisitos do Sistema
ENG.1.2Análise dos Requisitos do Software
ENG.1.3Desenho de Software
ENG.1.6Testes de Software
ENG.1.7Integração e Testes de Sistema
ENG.2Processo de Manutenção do Sistema e do Software
GES.4Processo de Gestão de Risco

O nível de capacidade analisado no âmbito do diagnóstico foi o máximo, ou seja, foram procuradas evidências até ao nível 5 do SPICE. A norma ISO/IEC 15504 (ou SPICE) prevê cinco níveis de capacidade (ou seis, se considerarmos o nível 0): Nível 0 (Incompleto); Nível 1 (Processo Realizado); Nível 2 (Processo Gerido); Nível 3 (Processo Estabelecido); Nível 4 (Processo Previsível); Nível 5 (Processo Optimizado).

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