O Planeamento Estratégico de Sistemas de Informação (PESI) aplicado ao caso da Elisal (Empresa de Limpeza e Saneamento de Luanda) centrou-se em três eixos essenciais:
Reunir toda a informação relevante para a compreensão da realidade da empresa, de modo a encontrar respostas para questões como: qual é o negócio, com quem faz negócio e como faz negócio;
Reunir toda a informação relevante para compreender a forma como a Elisal, enquanto organização, se encontra preparada para fazer face aos desafios do negócio. Neste caso concreto, procuraram-se respostas para as questões: qual a adequação das competências centrais aos factores críticos de sucesso, qual a visão da organização face às transformações em curso;
Produzir um conjunto de reflexões que permitiram definir a melhor estratégia de sistemas de informação, assegurando assim o seu alinhamento com a estratégia de negócio e da organização, definidas nos eixos anteriores.
O Contexto
A Empresa de Limpeza e Saneamento de Luanda foi criada em 1991 como uma unidade económica estatal. A sua missão era cuidar fundamentalmente da recolha de lixo, da limpeza da cidade de Luanda, do saneamento urbano da cidade, do tratamento, eliminação e reciclagem do lixo, da produção de adubos e fertilizantes. A empresa ficou sob a tutela do Governo Provincial de Luanda e podia exercer outras actividades industriais ou comerciais, quer directamente, quer em associação com terceiros.
Com esta medida do governo angolano terminava um ciclo na história do sistema de limpeza, recolha e tratamento dos resíduos na cidade de Luanda. Findava assim o contrato com a empresa privada Intraco Cleaning, que vigorou entre 1988 e 1991. A intenção era reduzir os custos do serviço de limpeza urbana até 50 por cento e beneficiar das doações e financiamentos bonificados da Comunidade Europeia, que então se havia disponibilizado para o efeito com a condição desses benefícios reverterem a favor de uma empresa pública.
No período que antecedeu o surgimento da Urbana 2000, a Elisal estava a atravessar uma grave crise de gestão e o seu património fixo e circulante, bem como os seus recursos humanos, sofriam de um desgaste acentuado. Ao mesmo tempo, os objectivos que presidiram à sua criação estavam cada vez mais distantes.
Foi neste contexto que se introduz no sistema uma nova operadora em 1997 (a Urbana 2000), com o objectivo de superar as dificuldades da Elisal no cumprimento das metas para que tinha sido criada. O contrato de gestão assinado entre o Governo Provincial de Luanda e a Urbana 2000 extinguiu de facto (se não de jure) a Elisal U.E.E. Em vez de assumir a gestão operativa da empresa pública, agindo em seu nome, a Urbana 2000 passou a operar integralmente o sistema, aparecendo o seu logotipo em vez do da Elisal e ficando, inclusivamente, com autoridade exclusiva de movimentação de todas as contas bancárias.
No âmbito deste contrato, a Urbana 2000 tinha dois privilégios fundamentais: outorga da concessão sem necessidade de concurso e operadora de confiança do Estado que, através da mesma poderia avaliar novas tecnologias e novas modalidades de operação, além de aferir preços e custos. Segundo os dados históricos, na melhor das hipóteses, a Urbana 2000 atendia cerca de 50 por cento da população de Luanda.
Num passado mais recente e, a Urbana 2000 terá perdido o primeiro privilégio referido atrás. No entanto, manteve o segundo, embora questionável devido a algumas questões entretanto surgidas.
A Necessidade
Em Dezembro de 2002, a Comissão Permanente do Conselho de Ministros de Angola aprovou o novo modelo de gestão para a reestruturação do sistema de limpeza da cidade de Luanda, prevendo a possibilidade de concessão ou de subconcessão outorgadas pelo governo da província a empresas privadas, que poderiam ser contratadas para a limpeza dos resíduos sólidos, a manutenção da rede de drenagem, a operação do aterro sanitário e a colecta e o tratamento dos resíduos provenientes de instituições hospitalares, da indústria e os resultantes de operações portuárias e aeroportuárias, bem como a manutenção e a expansão da rede de esgotos.
Estas subconcessões homologadas pelo Governador Provincial de Luanda passaram a ser controladas pela concessionária Elisal-EP. Esta empresa pública também passou a ser a titular de todos os activos públicos (infra-estruturas e equipamento social) relacionados com os serviços de limpeza da província de Luanda, tendo como objecto social a prestação do serviço público de limpeza, manutenção e expansão da rede de esgoto das áreas urbanas da província de Luanda.
A necessidade do PESI ficou a dever-se sobretudo ao facto da Elisal estar a passar por toda esta fase de mudança, tanto a nível organizacional, como em termos de modelo de negócio. Depois de definidas as principais linhas de orientação da estratégia do negócio da empresa, era necessário formular a estratégia de sistemas de informação, de modo a dar resposta aos desafios e às necessidades da nova realidade.
A mudança referida atrás tinha implicações nos fundamentos e nos drivers do negócio da Elisal. Consequentemente, era necessário detalhar vários aspectos relevantes, nomeadamente:
A Proposta
O objectivo de um PESI reside essencialmente na recolha, tratamento e disponibilização de informação que permita aos decisores fundamentarem as suas orientações no capítulo do desenvolvimento de uma estratégica de sistemas de informação que responda eficazmente às necessidades e constitua o garante do desenvolvimento do negócio como um todo.
Outro aspecto que convém ressalvar desde já é que a Sinfic não forneceu o serviço de PESI directamente à Elisal. Esta última contratou o serviço à KPMG Angola que, por sua vez, recoreu à unidade estratégica de negócios de Engenharia Organizacional e Sistemas de Informação da Sinfic. Recorde-se que a Sinfic já está presente no mercado Angolano há vários anos, contando com clientes de peso naquele mercado.
O quadro que se segue, desenvolvido no âmbito do PESI, dá uma ideia do contexto em que se desenvolveu todo o trabalho restante, apresentando as principais variáveis que proporcionaram o enquadramento adequado em relação a todas as formulações efectuadas no âmbito da elaboração e definição da estratégia de sistemas de informção para a Elisal.
Relativamente à análise de SWOT, o quadro que se segue apresenta as principais Oportunidades, Ameaças, Forças e Fraqueza).
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Relativamente à visão da organização, o quadro que se segue compara a situação existente (as is ), a que se pretendia (to be ) e o impacto/objectivos/vantagens da mudança.
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No âmbito do PESI aplicado à Elisal também foi proposta uma lista de factores críticos de sucesso a serem tidos em conta pela empresa na definição das -armas-certas para enfrentar os desafios do mercado, tanto a nível da potenciação das competências centrais, como a nível da definição da melhor estratégia de SI/TI para os combater. O quadro que se segue apresenta cinco factores críticos de sucesso (na coluna da esquerda) e um breve comentário ao mesmo.
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Para que os factores críticos de sucesso possam ser cumpridos, a empresa necessita de competências centrais que deve deter, a fim de fazer face aos desafios de negócio identificados. O quadro seguinte apresenta cinco competências centrais e a respectiva explicação.
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A intervenção da Sinfic, no âmbito do PESI, também teve em conta as barreiras, os constrangimentos e os potenciais riscos inerentes ao desenvolvimento da estratégia de sistemas e tecnologias de informação da Elisal. Na sequência foi produzido todo um conjunto de entregas que consubstanciam a formalização da estratégica dos sistemas de informação para a ELISAL, tais como: